Os professores-bibliotecários já vivem a 20ª edição do Correntes d'Escritas.
Esta manhã de segunda-feira (18), realizou-se a Mesa de Abertura de ‘Correntes em Rede’, no Diana Bar, a Formação para professores-bibliotecários (em colaboração com a Rede de Bibliotecas Escolares), um curso de 25 horas e que incluirá cinco oficinas nos dias 18, 19 e 20, a decorrerem no Diana Bar, na Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim, na Fundação Dr. Luís Rainha, na Universidade Sénior e no Cine-Teatro Garrett.
“Ensinar é aprender e colaborar” foi o tema da Mesa de Abertura, que reuniu Luís Diamantino, Vereador da Cultura e Vice-Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Manuela Pargana Silva, coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares, os escritores Ondajaki e Valter Hugo Mãe, e Luís Carmelo (moderador).
Luís Diamantino saudou todos os presentes nesta 20ª edição do Encontro de Escritores, recordando que Valter e Ondjaki têm mostrado disponibilidade para participar nas conversas com o público ao longo dos 20 anos.
Apesar do tempo que passou, frisou Diamantino, o primeiro encontro “parece que foi ontem, na Biblioteca, com 24 escritores, tantos quantos os espectadores, pois afinal eram eles que estavam na plateia também a ouvir os colegas escritores”.
Foi com agrado e orgulho que Luís Diamantino, também ele professor, viu a plateia completa de professores, tendo aproveitado para agradecer o trabalho dos diretores dos agrupamentos escolares do concelho, todos presentes, porque “este é um ponto que nunca esquecemos no Correntes, a ligação às escolas”.
Tem sido graças a este trabalho de cooperação entre o Correntes e as escolas que se consegue o resultado de “um público mais jovem, um público maioritariamente de poveiros nestes últimos encontros de escritores”, como revelam os estudos realizados pela organização.
O Vice-Presidente da autarquia poveira sublinha que tudo isto é “fruto de uma aposta deste encontro nas escolas” e também a prova “de que tínhamos razão antes do tempo”…
Luís Carmelo apresentou os elementos da mesa e salientou a importância da “cooperação” referida no tema da sessão, afirmando que o ato colaborativo “é tão importante como respirar”, sendo neste contexto que irão decorrer as oficinas para dezenas de professores-bibliotecários.
Manuela Pargana Silva, coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares, salientou que um aspeto fundamental dos professores-bibliotecários “é saber o que significa ler, hoje”.
Isto porque vivemos num tempo de diferentes leituras – leituras fragmentadas nas plataformas digitais, leituras de imagens, de vídeos, com a exigência de diferentes competências intelectuais – em que a colaboração tem como propósito final, conseguir alguma coisa que resulte. E esse resultado deve ser “conseguir formar alunos curiosos e que aprendam a gostar de aprender”.
Este objetivo exige um grande desafio dos professores, que estão a lidar com a chamada ‘Geração Z’, alunos que nunca conheceram o mundo sem internet. Assim, “é preciso que na escola se compreenda esta nova realidade” e as novas oportunidades que ela sugere, referiu Manuela Pargana Silva.
Para Ondjaki, o papel colaborativo do professor passa por “compreender a criança/pessoa que tem à sua frente”. Este será o primeiro passo para atingir o aluno ou aluna, ou o que o escritor já designa por alun@, para não ter que distinguir entre géneros – “com esta palavra incluo todos”.
O escritor defende ainda que é fundamental trazer os pais “à vida escolar dos filhos, aproximando-os, o que pode acontecer em casa, não quer dizer que os pais tenham que ir muitas vezes à escola”.
E na aprendizagem colaborativa, Ondjaki afirma que a atitude correta é “não pensar que sabemos tudo, não pensar que temos todas as soluções, não, as novas soluções estão com quem chega, com os mais novos”. Assim, defende, “devemos incorporar e admitir as irrealidades”.
Ondjaki finalizou citando o escritor brasileiro Guimarães Rosa: “quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo”. E acrescentou: “é esse milagre que temos que deixar acontecer”.
Valter Hugo Mãe começou por se referir ao Correntes d’Escritas como um momento importante, a cada ano, na sua vida, até porque, “aqui, encontrei pessoas excecionais, que nunca mais esquecerei”.
Dirigindo-se aos professores, mencionou que gosta de os motivar, pois são eles que, muitas vezes, nalgumas especificidades do seu relacionamento com os alunos contribuem para mudar a vida destes para sempre.
Garante que foi o que aconteceu com ele, um jovem que se licenciou em Direito, mas que, secretamente, queria ser, primeiro, Santo – fascinado com o poder que eles tinham de curar as pessoas e serem heróis – segundo, escritor – a forma que encontrou de ser herói sem ter que morrer, pois “os santos só trabalham depois de mortos”. E seguiu o seu sonho secreto, porque houve uma professora que conseguiu ver no jovem Valter as competências para ser escritor, que lho disse, o que o fez acreditar que isso poderia acontecer.
Para Valter Hugo Mãe, os professores são heróis e nem têm consciência disso. Ele, como jovem, “encontrava sempre as soluções na escola”. Aos professores deixou ainda a ideia de uma escola voltada para o livro, para os dias de hoje, e, acima de tudo, para incentivar os alunos a frequentarem a biblioteca da sua escola.
‘Correntes em Rede’ continuam esta tarde, às 16h30, no Diana Bar, com a Oficina “As Imagens na Escrita” por Luís Carmelo, no Diana Bar.
Seguem-se até dia 20 as oficinas: “Microcontos: escrever e contar”, por Margarida Fonseca Santos, na Fundação Dr. Luís Rainha; “O Espaço e o Corpo” por Isabel Bezelga e Henrique Correia, no Cine-Teatro Garrett (Sala de Aquecimento); “Oficina de Escrita: a bordo dos géneros literários, por Filipa Melo, na Universidade Sénior; “Oficina de Introdução aos Clássicos: Literatura, Música e Cinema” por Ana Margarida de Carvalho, na Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim.
Acompanhe o 20º Correntes d’Escritas no portal municipal e no facebook Correntes.
Consulte o programa completo aqui.