Construída e montada no Museu no período das Festas de S. Pedro, a “Imagem de roca” composta por uma cabeça, membros superiores e inferiores esculpidos e o corpo formado por uma estrutura simples articulada, talhada em madeira, que facilita o envergar das vestes em tecido.

Segundo Deolinda Carneiro, Diretora do Museu, “o rosto tem o aspecto de um velho, parcialmente calvo, de cabelos brancos e barbas, também brancas. A testa e sobrancelhas ligeiramente franzidas, olhos bem abertos e boca entreaberta, deixando ver a fileira dos dentes do maxilar superior. O pescoço foi esculpido com o mesmo cuidado da cabeça, bem como os membros, superiores e inferiores, que se encontram presos à estrutura de madeira que dá forma ao corpo.

Trata-se de uma das imagens da “Ceia dos Apóstolos”, cujo conjunto das 14 imagens se conserva no Museu. Estas esculturas datam do século XIX e, segundo um relato recolhido por Jorge Barbosa junto de João Francisco Vieira Trocado, “as imagens foram oferecidas à Confraria de Nossa Senhora das Dores para figurarem nas cerimónias da Semana Santa, representando a «Última Ceia», na Quinta-feira Santa. Como a confraria não tinha onde as guardar, ficaram depositadas no sótão da casa onde vivia a referida família. Ao falecimento da última proprietária Sá Vieira, a casa ficou para um seu sobrinho – o Dr. João Francisco Vieira Trocado -, que para lá foi viver, deixando de habitar no Largo Eça de Queirós, nº15.

Quando se encontrava em arrumações na referida casa da, então, Rua Direita, encontrou no sótão as peças soltas (desintegradas) das imagens. Procurou o seu amigo António Santos Graça e disse-lhe: (sic) «António, Deus te livre do demónio. Anda lá a casa ver o que está no sótão: cabeças, braços, pernas… parecem despojos da Guerra Civil de Espanha». Ao que Santos Graça, quando viu, concluiu tratar-se do figurado da «Última Ceia de Cristo», que antes era montado na Igreja de Nossa Senhora das Dores, durante a Semana Santa e aproveitou-a para o Museu. Aonde ainda se encontra à data.”

Sobre as Festas da Cidade, Manuel Lopes referiu que «Na pré-história das atuais Festas de S. Pedro deve registar-se a acção do Major Mota como Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, quando surgiu a ideia, entre 1953-1954, de se tentar antecipar, já por razões de ordem turística, o início da época balnear.
Lembra Armando Marques que o Major Mota lhe teria dito: “É preciso criar umas festas para Junho. Animar as dos Santos Populares e escolher uma delas. Santo António, não, porque vão logo dizer que só pensei em mim! Festa de S. João já há várias: Braga, Porto e Vila do Conde. E ainda para mais consagradas! O que tornava difícil a concorrência. S. Pedro, encarado como padroeiro dos Pescadores Poveiros, era o ideal.”
Mas só em 1962 surgiram as condições e apoio que tornaram possível reatar, agora de forma organizada, as Festas de S. Pedro, levadas a cabo pela Comissão Municipal de Iniciativa e Propaganda (…). As Rusgas foram, de certa maneira, uma “invenção” de José de Azevedo, por cópia e imagem das Marchas Antoninas de Lisboa.
As marchas de Lisboa seriam transformadas em “Rusgas” (daí o aparecimento dos arcos e balões), as cascatas de Stº. António seriam transformadas em “tronos ao Santo Pescador” e uma “marcha única” dedicada ao santo da Lapa uniria fraternalmente todos os bairros da cidade. O eixo essencial, inalterável, das Festas de S. Pedro tem-se mantido ao longo dos anos: noitada com as rusgas dos bairros, iluminações e fogueiras; missa e procissão.»