Nesta sessão, que juntou dois escritores de gerações diferentes na Biblioteca Municipal, Ana Bárbara Pedrosa e Gonçalo M. Tavares falaram das suas experiências enquanto autores, da linguagem e visão da literatura.

Gonçalo M. Tavares desafiou Ana Bárbara Pedrosa a falar das suas obras: Lisboa, chão sagrado (2019), sobre algo muito corporal, muito intenso, que aborda a questão da sexualidade e que a autora revelou que lhe permitiu um “afastamento com a linguagem que lhe era mais confortável. Sou púdica na minha relação com a linguagem. Tive que me libertar do meu pudor para usar palavrões”.

Na opinião da jovem escritora, “é importante não deixar que a forma de ver o mundo condicione aquilo que escrevo. O que me interessa é criar situações com conflito”. 

Palavra do Senhor (2021) é um livro mais bíblico, Deus a reescrever a Bíblia, que levou Ana Bárbara Pedrosa a “ser outras cabeças, aprender a descrever de maneiras diferentes e ampliar a capacidade de escrita”.

A este propósito, Gonçalo M. Tavares alertou para um movimento muito perigoso contra o ser humano e já com dimensão enorme que defende o facto das pessoas só escreverem sobre o que conhecem. Na sua opinião, mesmo sendo uma biografia, o autor tem que inventar e encarar a ficção como uma investigação das ciências sociais e humanas.

Gonçalo M. Tavares referiu-se à diferença gigantesca que considera existir entre as experiências corporais, com limites físicos, e a experiência de escrever, sem qualquer limitação podendo ir até onde a imaginação e criatividade nos levar: “ler um texto e emocionar-me é mágico e neste processo mágico, as letras transformam-se numa emoção”.

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