Póvoa de Varzim, 15.02.2008 - Entre as duas mesas programadas para hoje a tarde, a Casa da Juventude recebeu o lançamento de três livros: A Casa do Rio, de Manuel Rui; O Amante Albanês, de Susana Fortes; e Olá, eu sou um Livro e Vidas de Gato, ambos de Rui Grácio.
A Casa do Rio é um livro onde Manuel Rui revisita o passado em tempos pós-coloniais. Através de uma linguagem elaborada, e seguindo o rio, Manuel Rui mergulha na vida verdadeira de Angola, onde feio e belo se combinam, onde a “direcção a sul representa uma busca, ou uma fuga, das vozes da memória”, disse Ana Paula Tavares, que apresentou esta obra editada pela Caminho. “A casa da História é a casa que Manuel visita nos seus livros”, declarou a também escritora angolana.
O Amante Albanês foi, em 2003, finalista do Prémio Planeta, um dos prémios literários mais importantes em Espanha. Da autoria de Susana Fortes, e editado pela Asa, o livro tem como fio condutor o segredo e a premissa de que “nenhum segredo pode ser mantido eternamente”, como explicou a autora. Tendo como pano de fundo a Albânia em plena ditadura, o livro conta a história de dois irmãos, órfãos de mãe e por isso muito chegados. Uma atmosfera calma, interrompida pelo casamento de um dos irmão, cuja esposa passa a viver na mesma casa. Susana Fortes deixou o mistério no ar: “são personagens silenciosas, mas este silêncio termina com a detonação de um projéctil, e é aqui que começa a trama”. Manuel Valente, da editora, avançou ainda que este é o primeiro de três livros da autora que a Asa pretende editar.
Rui Grácio apresentou dois livros infanto-juvenis, editados pela Pé de Página. Olá, eu som um Livro, pronto desde 2003, pretende chamar a atenção para o livro e para o importante papel que este tem nas nossas vidas. “Um livro não é só um livro, mas muitas outras coisas que aparecem à volta dele”, explicou o autor. Já Vidas de Gato surgiu de uma experiência vivida pelo autor, aquando da chegada de um felino a sua casa. Apesar da resistência inicial, Rui Grácio habituou-se à presença do gato, que gostava muito de ir para a varanda. No entanto, e após uma queixa por parte de um vizinho, Rui Grácio viu-se na obrigação de fechar o gato em casa, “algo que acredito ser contrário à natureza felina do animal”, explicou. E daqui surgiu um livro, que fala sobre o corte com o exterior, “quando portas que estavam abertas, radicalmente se fecham na vida das pessoas”.
Estes foram os três últimos lançamentos do programa do Correntes d’Escritas de 2008. O Encontro de Escritores de Expressão Ibérica termina amanhã, com a cerimónia de Encerramento, altura em que são entregues os prémios aos vencedores do concurso literário.