Póvoa de Varzim, 14.02.2008 - “Uma declaração de amor não é uma declaração de verdade”. No Dia dos Namorados, Rui Grácio começou a sua conversa com os alunos da Escola EB 2/3 de Rates dizendo um poema do seu livro Não se ama o mar sem amar as marés.
Após a explicação do autor sobre o que é um original, um plágio, uma editora, uma gráfica e todo o processo pelo qual passa um livro até estar pronto nas livrarias, Rui Grácio e valter hugo mãe ficaram disponíveis para as perguntas das crianças.
Entre as respostas, os alunos ficaram a saber que quando era criança, valter hugo mãe pretendia tornar-se padeiro. Mas, todos os membros da sua família diziam que ele iria tornar-se escritor, já que “passava a vida a escrevinhar”. O autor contou que numa festa de aniversário sua ficou “muito aborrecido quando só ofereceram lápis e cadernos e eu só queria ser padeiro!”. Com esta história, as gargalhadas soltaram-se e valter hugo mãe conquistou a plateia.
Neste momento, Rui Grácio está prestes a publicar O Afinador de Palavras. O autor explicou que há um tempo para os livros ficarem em “banho-maria”. Durante esse tempo “mudam-se umas vírgulas”, acrescentou valter hugo mãe. O escritor disse que “escrevo os livros e só os leio dois meses depois. Nessa altura retiro personagens e acrescento outras”.
Para valter hugo mãe escrever é “ultrapassar a falta de algo e encontrar satisfação nas palavras. Quando eu era criança não tinha muitas coisas para brincar e as palavras eram os meus brinquedos”. Perguntar ao escritor qual o ser género preferido, a prosa ou a poesia, “é o mesmo que perguntar se alguém gosta mais do pai ou da mãe”. Quanto ao prémio que recebeu recentemente, Prémio José Saramago, valter hugo mãe explicou que “sempre admirei Saramago. De repente, saber que ele gostou de um livro meu e também admirava o meu trabalho foi um motivo para grande satisfação”.
Rui Grácio contou aos alunos que começou a escrever poemas na adolescência “sem saber muito bem porquê”. Sinónimo de muito trabalho, a escrita é um acto que prefere praticar à noite, no silêncio, sem telefones. Opinião partilhada por valter hugo mãe. O vencedor do Prémio Saramago contou que “quando o trabalho está a correr bem fico a escrever até às cinco ou seis da manhã. O pior é no dia seguinte quando tenho que me levantar cedo. Penso logo: porque não sou padeiro?…”