Póvoa de Varzim, 06.07.2010 - O Salão Nobre dos Paços do Concelho acolheu, ontem à noite, uma conferência proferida por Artur Santos Silva no âmbito das Comemorações do Centenário da República.
Enquanto Presidente
da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, Artur
Santos Silva referiu que “a Comissão só teria sentido se mobilizássemos a
sociedade portuguesa em três vectores fundamentais: autarquia, educação e
academia”. Em relação à educação e à academia, o banqueiro considera que estas
saíram reforçadas com a República sendo que o grande ideal republicano foi
promover a igualdade pela educação e foi nesta altura que foram dados passos
mais significativos de mudança na escola referindo ainda que “a República criou
as Universidades de Lisboa e do Porto em 1911, reestruturou a Universidade de
Coimbra e criou ainda o Instituto Superior Técnico. Houve, portanto, uma
alteração muito relevante na academia portuguesa”. Sobre a autarquia, Artur
Santos Silva afirmou que “a República fez um esforço importante para
descentralizar as instituições políticas dando muito mais importância à cidade
e o papel da autarquia devia ser sublinhado”.
Considerando
que a Europa é a nossa grande questão hoje em dia e que “é da saúde da Europa
que muito dependemos”, Artur Santos Silva fez um pouco de história sobre a
mesma terminando no quadro actual de crise que se vive nos ideais europeus.
Após uma
contextualização económica e política do nosso país na Europa ao longo dos
tempos, o banqueiro afirmou que “Portugal está na União Europeia e não se
limita a desempenhar aí um papel passivo”. Referindo-se à Agenda de Lisboa,
Artur Santos Silva informou que Portugal foi o país que deu o maior salto no
investimento em investigação e desenvolvimento, mais do duplicando o valor que
tinha anteriormente.
“A
Europa vive uma grande crise como nunca viveu mas que não será com certeza a
última, mas a mais grave e séria” disse Artur Santos Silva para quem “vencer
esta crise exige mais Europa”. O conferencista considera que a Europa só tem
sentido como um projecto comum, onde prevaleça a força da razão porque
“isolados não vamos a lado nenhum”. Artur Santos Silva referiu ainda que “a receita
para o nosso país impõe um grande entendimento político e social que passa pela
mobilização de toda a sociedade de quem é exigido mais sentido de cidadania”.
Macedo
Vieira, Presidente da Câmara Municipal, não se mostrou tão optimista em relação
à actual situação nacional e europeia referindo que “se a força da razão não
vencer, a razão da força vai imperar” acrescentando que “temo que com a crise
do euro os países não sejam capazes de criar estratégias comuns”. O autarca
afirmou que “estamos à porta de uma crise política” devido à ausência de
líderes capazes e é urgente que haja uma supervisão a nível europeu que garanta
estabilidade económica e consequentemente estabilidade social.
Esta foi a segunda
de um Ciclo de Conferências que contará com personalidades como Miguel Veiga, a
20 de Julho, António Nóvoa, a 13 de Setembro, e João Marques, no dia da
Implantação da República, 5 de Outubro.
A iniciativa, uma organização conjunta da Câmara
Municipal da Póvoa de Varzim e de “O Comércio da Póvoa de Varzim”, insere-se na
programação de Comemorações que assinalam o Centenário da Implantação da
República na nossa cidade. “Na Maré da República”, título das Comemorações na
Póvoa, arrancou oficialmente em Fevereiro, altura em que foram apresentadas
algumas das actividades previstas e anunciado o sítio oficial do evento, que
pode consultar em http://web.cm-pvarzim.pt/namaredarepublica/