Realizou-se, esta manhã, no Casino da Póvoa a Cerimónia de Abertura do 26.º Correntes d’Escritas, promovido pela Câmara Municipal, e que contou com a presença do Secretário de Estado da Cultura, Alberto Santos, e do Presidente do Município, Aires Pereira.
Alberto Santos considerou uma “oportunidade muito gratificante” ser este o seu primeiro ato público enquanto Secretário de Estado e saudou os “26 anos de Correntes, torrentes de escritas, torrentes de escritores, de prosa, de poesia, de exposições, de debates, de jornalismo, de reflexão sobre a literatura, a atualidade e sobre a condição humana. E com tantas memórias que tornam este festival dos poucos incontornáveis do nosso panorama literário”.
O Secretário de Estado defendeu que “esta celebração é possível através da virtuosa cooperação entre os poderes públicos (autarquia e estado português) e privados, como é o caso do Casino da Póvoa, e demais instituições que se associam ao Festival”. Neste sentido, felicitou o Presidente da Câmara pela dedicação e paixão intensa ao evento.
Terminou com uma palavra mais abrangente a Aires Pereira destacando a “sua notável intervenção pública, um homem que ajudou o crescimento da cidade e do concelho, aumentando a qualidade de vida dos poveiros, mas também o posicionamento estratégico desta cidade, amiga da cultura e da literatura”.
O Presidente da Câmara Municipal, que este ano cessa funções, fez questão de agradecer publicamente a Luís Diamantino a sua dedicação ao Correntes d’Escritas, reconhecendo que terminam os seus mandatos com “sentimento de dever cumprido”. Aires Pereira revelou ainda que tem a intenção de distinguir Onésimo Teotónio Almeida com a Medalha de Reconhecimento Poveiro e de organizar uma publicação municipal sobre o notável desenvolvimento cultural da cidade graças ao Correntes d’Escritas. Na sua alocução, transmitiu que se orgulha “da caminhada para afirmar a centralidade da cultura no projeto de desenvolvimento da Póvoa de Varzim”.
No entanto, e à semelhança do que vem fazendo nos últimos anos, Aires Pereira expressou a sua preocupação pela “irrelevância, ou mesmo descrédito, a que está reduzida a palavra” e refletiu sobre o seu uso: “Tudo, hoje, parece errado à nossa volta. A palavra já não serve a verdade que conhecíamos, serve, sim, a realidade alternativa que nasceu e medrou nas redes digitais, e cujo potencial demolidor é agora exponencialmente aumentado pela intervenção de tecnologia que, ignorando o seu criador, substitui a razão por algoritmos, dando-nos em recompensa a verdade que escolhermos – cada um de nós terá direito à sua, porque ela já não é, como durante séculos foi, uma construção coletiva. Estamos, portanto, em presença de um mundo absolutamente novo e cada dia mais novo, graças à sua matricial e perturbadora imprevisibilidade”.
O autarca terminou com um conselho amigo: “quando a dúvida, ou a angústia, perturbarem os vossos dias, vinde à Póvoa – porque aqui, em sítios que conheceis, e perante pessoas que vos estimam, viajareis em cenários de confiança no futuro e recuperareis a certeza de que nenhuma máquina substituirá a humana capacidade de construir algo em conjunto”.
Dionísio Vinagre, Administrador da Varzim Sol, comprometeu-se a continuar a apoiar o Correntes d’Escritas, caso a concessão do Casino da Póvoa seja renovada, uma vez que a vigente termina em 2025. Transmitiu ainda que a Varzim Sol “orgulha-se de nos últimos 28 anos ter contribuído para o desenvolvimento da cultura em Portugal e na Póvoa de Varzim, em particular”.
Um momento sempre importante desta cerimónia é o lançamento da Revista (n.º 24), cujo dossiê é dedicado a Onésimo Teotónio Almeida, o único escritor que esteve presente em todas as edições do evento desde 2000. O escritor agradeceu a publicação e confessou que se lembra bem de todas as 26 edições em que participou.
Quanto aos Concursos Literários, Canina, da escritora Andreia C. Faria (Tinta da China) é a obra vencedora do Prémio Literário Casino da Póvoa 2025, no valor de 25 mil euros.
O conto Quinze de Leonor Santos Ferreira Pinto, que concorreu com o pseudónimo de Leonor De La Bastille, foi o escolhido para o Prémio Literário Correntes d’Escritas Papelaria Locus.
Em relação ao Prémio Luis Sepúlveda, os três trabalhos distinguidos pertencem a turmas do Centro Escolar de Tarouca, Agrupamento de Escolas Dr. José Leite de Vasconcelos. Receberam os prémios os autores dos seguintes trabalhos: primeiro lugar: “Mais do que um”, do 4.º B; segundo lugar: “O Arco Íris Cinzento”, do 4.º A; terceiro lugar: “O Caçador do Pé Grande”, do 4.º C. Foram ainda atribuídas as seguintes menções honrosas: Texto: “Segredos do Infinito”, do 4.º C, da E.B. Padre Manuel de Castro, S. Mamede de Infesta; Ilustração: “A história do rinoceronte felpudo”, do 4.º ano da E.B. de Rates, Agrupamento de Escolas de Rates – Póvoa de Varzim.
Ana Margarida Ferreira Vasco, que concorreu com o pseudónimo de “Ana Valente”, foi a vencedora do Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha Correntes d’Escritas 2025, no valor de 2000 euros, com o trabalho “Grande é o Homem Que Morre no Mar”. As atas das reuniões do júri para seleção dos trabalhos a premiar estão disponíveis aqui.
Terminada a cerimónia no Casino da Póvoa, teve lugar, no Diana Bar, a abertura da Exposição “Coleção de Arte Varzim-Sol”.
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