À Mesa com Eça surge como um convite à elevação, à condição etérea da arte, onde alma e corpo, numa dualidade permanente entre amor e ódio, sanidade e loucura, dor e prazer, vida e morte, transporta os intérpretes para uma metamorfose contante. Enquadrada nos escritos de Eça de Queiroz, nas crónicas que compõem Prosas Bárbaras, o corpo é o objeto através do qual se molda a transformação paralela e antagónica da alma, colocando na mesa, como Eça, diferentes leituras de algumas das personagens mais marcantes da história da arte, entre outras: o Don Giovanni, que por Mozart e Da Ponte se apresenta como o libertino e mundano que apesar das 3000 amantes deambula em busca do verdadeiro amor; Ofélia, cuja alma pura desce, pela loucura de Hamlet, em direção ao suicídio; o Diabo, cuja dualidade o associa a armas que ensanguentam o corpo, transformam a pureza feminina, de Margarida em Goethe, no sinal carnal do pecado, pela avidez de Fausto e, em simultâneo, ao representante do direito humano, na liberdade, na fecundidade, na força e na lei, quer quando pede a Cristo que viva, como quando suplicia Judas e no séc. XVI zela pela igreja na colheita de dízimos. Este processo revive as memórias do passado na construção de uma intertextualidade assente numa linguagem contemporânea…
Data
13 de janeiro
Horas
18h30
Local
Cine-Teatro Garrett