Para ler e escutar Lobo Antunes é preciso ter a chave certa. Se calhar, a chave mais directa e mais complexa é a mulher. Melhor dizendo, a multidão de mulheres que vivem nos seus livros. Quem diz livros, diz peça de teatro.
O espetáculo “António e Maria” é uma procura, uma surpresa, um monólogo múltiplo de mulheres. Vozes mutantes num corpo iluminado. Um exercício, por assim dizer, de doméstico sublime. Aproveitando uma lição simples do escritor para a vida toda: Espreitar para dentro de uma bota porque às vezes há coisas.

Uma actriz, Maria Rueff, cuja versatilidade no entendimento e na capacidade de concretizar através da construção de personagens a ampla diversidade humana é inequívoca, é o corpo, a sensibilidade e a voz que interpelará, na cena, o mundo.