Na antiga Escola Primária de Terroso vão ser construídos, pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, oito espaços destinados a 16 adolescentes da Casa do Regaço. Com o acompanhamento dos funcionários e voluntários da instituição, os jovens, que já têm necessidades diferentes das restantes crianças de seis ou sete anos, vão começar a ser preparados para as suas vidas futuras, ter mais privacidade e independência. O anúncio foi feito na passada sexta-feira, no Casino, num jantar que envolveu mais de quatro centenas de pessoas entre funcionários, voluntários, empresários e amigos da instituição.

As obras vão estar concluídas no início do segundo semestre de 2020.

O Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, afirmou que construir é fácil: “pôr paredes ao alto é simples, mas transformar um edifício num lar, não. São precisas pessoas que levem carinho e amizade a todas aquelas crianças e jovens, quem vá ao Regaço no dia de Natal, almoçar aos domingos. Eles perderam tudo. Perderam o mais importante da vida, as suas famílias. E, por isso, venho aqui pedir-vos que contribuam com o vosso tempo para que estas crianças se transformem em cidadãos de que nos orgulhemos”. Além de pedir amigos para os utentes da Casa do Regaço, Aires Pereira rogou por mais oportunidades de trabalho para aqueles que já atingiram a maioridade e terminaram os seus estudos. “Ponham-nos à prova, não lhes façam favores, exijam deles porque só assim lhes damos ferramentas para enfrentar a vida e para não dependerem da caridade de ninguém”.

O edil recordou o momento em que a direção da Casa do Regaço se deparou com um problema: “à medida que as crianças iam crescendo e atingindo a maioridade tivemos noção que o projeto não poderia terminar ali, sem retaguarda. Nada faria sentido e tudo teria ficado pelo caminho. Alguns jovens já tinham completado 18 anos mas não seria viável lança-los, desamparados, na sociedade. São jovens que passaram praticamente toda a sua vida institucionalizados e que viveram momentos muito marcantes e, por vezes, traumáticos. Era necessário darmos o apoio que precisavam para o futuro que tanto ansiavam. Surgiu, então, o projeto Autonomia de Vida, residências para jovens adultos mas que contam com a supervisão da Casa do Regaço, a família que sempre conheceram. Atualmente temos 22 jovens sob a nossa responsabilidade”.

O antigo diretor-geral da Saúde, entre 2005 e 2017, e atual Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, Francisco George, afirmou que o Núcleo da Póvoa de Varzim é um exemplo, nomeadamente no apoio às crianças, nas valências de infantário e pré-escolar, e junto dos que mais necessitam. Francisco George lembrou que a Cruz Vermelha Portuguesa foi criada há quase 155 anos com o objetivo de reduzir o sofrimento humano. E, nos dias de hoje, ele ainda existe, seja na violência doméstica e familiar, nas respostas sociais às famílias com baixos rendimentos, ou no apoio aos mais desfavorecidos e vulneráveis da nossa sociedade. Em suma, a Cruz Vermelha é um dos pilares da sociedade portuguesa no plano social, junto de quem mais precisa”.

A Presidente do Núcleo da Póvoa de Varzim da Cruz Vermelha Portuguesa, Luísa Tavares Moreira, agradeceu a todos que, ao longo dos últimos dez anos, colaboraram com a Casa do Regaço: “é graças a todos que muitos utentes já têm as suas vidas estruturadas, já constituíram as suas próprias famílias e têm as suas profissões”.