A inauguração realizou-se na passada sexta-feira, 30 de novembro, ao final da tarde, e contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, e da Presidente da Fundação de Serralves, Ana Pinho.

O Presidente da Câmara começou por manifestar a Ana Pinho a “enorme satisfação que o Município tem em continuar a fazer parte deste projeto de Serralves que cada vez tem mais dimensão nacional face à abertura que a direção de Serralves tem tido de inclusão das autarquias que praticamente já cobre todo o país”.

Neste sentido, referiu que “esta é uma das exposições que se insere nesse projeto de Serralves ir ao encontro das pessoas visto que nem toda a gente tem condições de lá ir”.

Aires Pereira afirmou que Que sais-je? era a segunda exposição acolhida pelo Município no Cine-Teatro Garrett (a primeira foi “Um Realismo Cosmopolita em torno do grupo KWY”), que estará patente até março e numa fase da nossa vida em que os mais novos já não sabem o que é uma enciclopédia em papel, sendo que hoje é tudo muito virtual, acrescentando que “o próprio documento é peça de arte, desde a capa à forma como é feito”.

O edil transmitiu ainda que estando nós no advento do Correntes d’Escritas que se vai realizar de 19 a 23 de fevereiro, “nada melhor do que começarmos já a falar de uma espécie de livro que naturalmente é uma oportunidade para quem se interessa pela arte e pela literatura”.

Ana Pinho revelou que era “uma satisfação enorme estar na Póvoa de Varzim e, em concreto, no Cine-Teatro Garrett”, reconhecendo que “para nós é fundamental estas parcerias que nos permitem também aprender com as autarquias fundadoras. Algo que pretendemos continuar por muito tempo. Temos uma missão de serviço público e devemos fazê-la não só no nosso espaço mas também noutros locais”.

Sobre Que sais-je?, a Presidente de Serralves esclareceu que “foi concebida e organizada por Serralves mas que primeiro foi mostrada fora do país, em Bordéus em 2015, e depois, em 2016, na Biblioteca de Serralves, um dos espaços expositivos da Fundação”, acrescentando que este era “um espaço onde mostramos muitas vezes exposições sobre livros e edições de artista, das quais temos um das maiores coleções da Europa”.

Ana Pinho transmitiu que as exposições itinerantes adaptam-se aos locais onde são instaladas, reconhecendo que “esta tem tudo a ver com este local porque parte do livro, um elemento fundamental da transmissão do conhecimento e por isso faz jus a esta casa, grande nome da cultura portuguesa e ao Corrente d’Escritas”.

Que sais-je? é o nome da famosa enciclopédia de bolso francesa fundada em 1941. Esta coleção de livros foi pensada para fazer chegar ao grande público conhecimentos sobre as mais diversas áreas e publicou, desde a sua origem, 3.800 títulos de 2.500 autores. 
Também a arte contemporânea, e os museus que a colecionam, estudam e apresentam, se relacionam com a produção de conhecimento. Basta pensar que atlas, dicionários, enciclopédias — formas canónicas de armazenar e transmitir sabedoria — são modelos recorrentemente replicados (e parodiados) pela arte produzida desde as primeiras vanguardas do século XX. Este interesse liga-se à vontade de repensar aquilo que admitimos enquanto saber, informação, comunicação. Hoje, escolas, academias e aulas são modelos cada vez mais empregues por artistas e curadores, e formatos eminentemente pedagógicos — como a oficina, o seminário e a conferência — ocupam um lugar destacado em inúmeras exposições. 
Esta exposição, ao apresentar livros e edições de artista produzidos entre a década de 1960 e a atualidade, permite perceber como estes meios sempre apresentaram perspetivas alternativas sobre aquilo que pode significar transmitir conhecimento. Os artistas presentes nesta mostra questionam a relação do seu trabalho com modelos de transmissão de conhecimento — atestam-no o recurso a livros académicos, dicionários, enciclopédias, métodos pedagógicos (casos de John Bock, Bruno Munari, Ricardo Valentim), assim como uma deliberada destruição da informação veiculada por revistas e jornais (Paulo Bruscky, Dayana Lucas, Paulina Ołowska, Dieter Roth). Produzem objetos que não se preocupam em fazer-se entender imediatamente, motivados que são por uma forma de gerar ideias e de pensar distinta dos territórios intelectuais com que estamos familiarizados.