Ondjaki e Afonso Cruz estiveram, esta tarde, na escola E.B 2/3 de Aver-o-Mar, com algumas turmas e foram surpreendidos logo à chegada por um grupo de alunos do Clube de Comunicação da Escola, que como manda o protocolo, os entrevistou, tirou fotografias e fez alguns vídeos.

Posto isto, no final das entrevistas dos mais pequenos, outro grupo de alunos fez uma encenação, onde dois alunos eram os apresentadores e falaram sobre curiosidades da vida de cada escritor, e outros dois alunos eram os escritores e responderam a algumas questões dos apresentadores. Foi desta forma que a apresentação de cada escritor ficou feita e alegria estampada no rosto de Onjaki e de Afonso Cruz fez-se notar.

Posto isto, Afonso Cruz deu início à conversa dizendo “há pouco perguntaram-me como decidi ser escritor e eu não decidi nada, aconteceu”, o escritor contou que nunca tinha pensado em escrever, gostava de desenhar e fazer ilustrações e durante muitos anos essa era a sua profissão. Trabalhou em animação e, a certa altura, resolveu criar um blogue, a partir dessa ideia reuniu uns textos e enviou para uma editora, depois disso nasceu o Afonso Cruz escritor, que até ali nunca tinha pensado nisso.

Afonso Cruz incentivou os mais jovens a lerem, mas principalmente a seguir os seus sonhos, porque dos sonhos nascem histórias e, muitas vezes, dessas histórias nascem escritores. “Com a vossa idade lia muito e eu comparo sempre isso a uma espécie de um copo de água, nem todos os leitores se tornam escritores, mas às vezes acontece e de facto foi o que sucedeu comigo. Nós vamos enchendo um copo de água e às vezes transborda isso aconteceu comigo em relação à leitura”.

Ondjaki tomou a palavra e contou histórias da sua infância e da sua vida enquanto vivei no Brasil, em Portugal e em Angola. A vida deste escritor, que tem as suas raízes bem angolanas bem marcadas tem uma quantidade infindável de histórias.

Com um lado muito animado, Ondjaki perguntou aos alunos se sabiam o que era uma “galheta”, quase todos lhe souberam responder, mas Ondjaki comentou que “em todos os lugares onde eu vou e faço esta questão, ninguém me sabe responder. “galheta” para vocês significa chapada, mas em Angola, onde eu morava o termo para “galheta” era bofetada”. O escritor utilizou este exemplo, para mostrar aos alunos como a mesma palavra podia ter outras formas de se dizer, ou de se escrever e ainda, como a mesma palavra em dois sítios diferentes podia ter significados tão distintos e o bom de escrever, o bom de ser escritor era exatamente poder brincar com as palavras.

Entre muitas brincadeiras e de forma bastante engraçada Ondjaki continuou a contar histórias que agarraram a atenção do público.

No final houve tempo para perguntas e os alunos presentes fizeram imensas perguntas o que deixou os escritores felizes, porque era sinal de que estavam curiosos.

Também no fim, uma professora ofereceu em nome da escola o livro “A várias mãos” que é um projeto do Município da Póvoa de Varzim, onde várias escolas participam e algumas turmas escrevem uma parte do livro, no final junta-se o que cada escola escreveu.

A conversa terminou com a seguinte conclusão de Afonso Cruz “um livro bom permite que a história chegue aos leitores de várias maneiras”, esta conclusão foi partilhada pelos jovens que partilharam um pouco desta tarde com os escritores.