“O que acabamos de ver é um sonho que a nossa comunidade tinha há muitos anos. Conseguimos fazer uma obra que era uma utopia e agora é uma realidade”, referiu José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal, no final do passeio pela nova zona do Parque, que fez em conjunto com centenas de munícipes. Pelo caminho, muitas eram as referências à harmonia dos espaços e muitos os parabéns endereçados não só ao Executivo, mas também ao autor do projecto, o Professor Sidónio Pardal, que assistiu à inauguração. Presentes estiveram também comitivas das cidades de Eschborn e Montgeron, com quem a Póvoa partilha relações de geminação, presididas por Gérald Herault, Presidente da Câmara de Montgeron, e Mathias Geiger, Vice-Presidente da autarquia alemã.

Explicando que a zona de lazer do Parque da Cidade se encontra inserida numa área total de 78 hectares, Macedo Vieira relembrou que a 1ª fase do projecto passou pela construção da área desportiva, onde hoje está o Complexo Desportivo Municipal, com dez hectares. A esta área, vocacionada para o desporto de competição, junta-se esta 2ª fase, que dá por concluída a intervenção em 30 dos 78 hectares disponíveis. Futuramente, e após aprovação da alteração do Plano de Urbanização, o esforço concentrar-se-á na zona poente, com, numa 3ª fase, a construção do Estádio do Varzim S.C. e do complexo do Clube Desportivo da Póvoa, a que se seguirá, na 4ª e última fase, a recuperação das antigas pedreiras, fase essa já projectada também por Sidónio Pardal.

Esta é uma obra extensa, mas que a autarquia está a levar, a par-e-passo, no sentido de, no final, oferecer a toda a população um espaço coeso que em muito irá contribuir para a melhoria da qualidade de vida, concentrando, num só local, equipamentos vários que convidam o relaxe e incentivam à prática desportiva.

“A construção do Parque da Cidade envolveu a negociação de mais de 150 parcelas de terreno, o que dificultou o processo de negociação, mas mesmo assim posso dizer que mais de 90% dos proprietários colaboraram”, recordou Macedo Vieira, antes de divulgar o investimento feito em todo o projecto, parte dele assegurado pelo Turismo de Portugal, IP. Assim, na 1ª fase foram investidos 7 milhões de euros, e na 2ª fase 3 milhões. No entanto, o investimento total ronda os 17 milhões de euros, valor que abarca as despesas gastas com a compra de terrenos, incluindo os da zona poente. 

Dado que a 2ª fase do Parque da Cidade é, na sua essência, um espaço aberto a toda a comunidade, cabe-lhe a ela dar-lhe vida. Por isso, Macedo Vieira escolheu reproduzir, na placa comemorativa da abertura do equipamento, uma frase de William Blake, ‘Onde o Homem não está a Natureza é um deserto’. “Este é o grande desafio, pois se a nossa comunidade não usufruir deste espaço, isto será um deserto”. No entanto, o autarca demonstrou confiança no sucesso do equipamento pois “a obra fala por si” e é uma oferta ao povo da Póvoa de Varzim, “um povo trabalhador, orgulhoso e que confia no seu futuro”.

Sidónio Pardal, que conta com uma larga experiência na construção deste género de equipamentos (projectou o Parque da Cidade do Porto), esteve intimamente envolvido no processo de construção da obra. O professor elogiou “a firmeza do programa de política urbana da Câmara Municipal. Uma obra destas demora anos a fazer e nós estamos aqui há 12 anos. É preciso compreender o tempo das coisas, não fazer o trabalho para o imediato”.

O Parque da Cidade é, assim, mais uma estrutura que surge no âmbito das várias obras que a autarquia tem levado a cabo, no sentido de oferecer à população uma melhor qualidade de vida. São disso exemplo as obras de saneamento que apresentam uma taxa de cobertura acima dos 90%, a construção da Via B, novo eixo rodoviário inaugurado em 2007, a remodelação da Avenida Mousinho de Albuquerque e da Praça do Almada, obras finalizadas em 2008. 

Uma visita guiada ao Parque da Cidade, pela mão de Sidónio Pardal

Projectado no âmbito de um trabalho de investigação aplicada do Gabinete de Apoio da Universidade Técnica de Lisboa, coordenado pelo Professor Sidónio Pardal, esta 2ª fase resulta da “obra de ensaio e experimentação” que foi a construção do Complexo Desportivo Municipal, que na altura contou com a colaboração do arquitecto Vítor Mogadouro, que desenhou o edifício de apoio.

O Professor recorda a área de implantação do Parque da Cidade como uma “zona monótona, inóspita, plana e exposta à auto-estrada”. Este relevo plano deu lugar a uma sequência de sítios que se diferenciam pela modelação de terrenos, com a criação de taludes que permitiram diminuir o ruído do trânsito e o impacto visual das estradas circundantes.

O lago, com dois hectares, é o elemento “que estrutura toda a paisagem”, surpreendendo e cativando os visitantes, contribuindo ainda para que todo o Parque adquira o sentido de espaço de contemplação. Escavado a partir do leito de uma ribeira existente, este tem uma dupla alimentação: a do nível freático e a da ribeira que passa a desaguar no lago. A pensar na segurança e bem-estar dos utentes do Parque, o lago tem, em todo o seu perímetro, uma plataforma com uma profundidade de dez metros de largura e uma profundidade de 60 centímetros. Conferindo ainda mais beleza a este cenário, e fruto de uma elevação de terreno já existente, o lago conta com uma ilha central, recheada de árvores, apontamento particularmente expressivo e agradáveis.

A circundar todo o Parque foram criados três quilómetros de percursos pedonais que circundam o lago e as clareiras à distância, de forma a não perturbar “o enquadramento naturalista e romântico” destes elementos. Os caminhos são compassadamente interrompidos por estadias que criam “acontecimentos que contribuem para enriquecer o mapa mental do Parque e reduzir o tempo psicológico dos percursos”. Sidónio Pardal explica ainda que as estadias, no total 20, “são semelhantes a ruínas e dão por isso uma expressão intemporal ao Parque”. Por isso, os materiais usados foram a pedra e a madeira.

Avaliando o fruto do seu trabalho, o Professor alerta, no entanto, que “esta paisagem singular” está ainda “na sua infância e agora são precisos entre cinco a dez anos para que possamos ver a plena compartimentação da paisagem e a expressão do Parque com alguma maturidade. O que as pessoas vão apreciar agora é a sua estrutura base”, explica, aludindo, assim, ao tempo necessário que esta nova fase do Parque necessita para se desenvolver por completo e se ajustar à sua função de embelezamento do espaço e de novo pulmão para a cidade. Parte das 1600 árvores, de 28 espécies, foram já colocadas, sendo que a plantação será retomada em Novembro, a altura mais indicada para o fazer.

Quem visitar o Parque da Cidade irá, assim, descobrir, uma estrutura com uma expressão tão naturalista que apaga por completo a memória da paisagem preexistente, como se esta nunca tivesse sido alterada, a não ser nos apontamentos dos caminhos e das estadias.

Como chegar ao Parque da Cidade

Situado junto à entrada na cidade, próximo da A28, o Parque da Cidade, mais concretamente esta nova zona de lazer, conta com um parque de estacionamento, construído de raiz, com capacidade para 270 veículos. As obras permitiram também que uma via pedonal que passa por debaixo da Avenida do Mar fosse reabilitada e inserida na estrutura, facilitando assim a entrada aos utentes vindos da zona de Barreiros.