Este projeto, integrado no mestrado de Comunicação Audiovisual da universidade, visa a produção audiovisual com cariz documental, fotográfico e ficcional relativo ao concelho da Póvoa de Varzim.

O Presidente da autarquia poveira aproveitou a oportunidade para agradecer a Olivia Silva pelo convite feito à autarquia e salientou que a participação nesta iniciativa acarreta uma “grande responsabilidade” e para tal “iremos participar ativamente, porque consideramos que a Póvoa de Varzim terá, no futuro, muito que agradecer a esta iniciativa, por permitir a fixação das pessoas no concelho, ao mesmo tempo que regista aquilo que é a nossa realidade camaleónica no espaço e no tempo, numa terra que está em constante transformação.”

Aires Pereira sublinhou a importância deste tipo de registos históricos para a preservação do que de melhor tem a Póvoa, “as suas pessoas tão singulares” e o seu património paisagístico. O autarca lembrou a destruição da paisagem da zona balnear poveira no passado “para a construção de prédios que são iguais em qualquer parte do mundo”, ressalvando a importância de trabalhos como este como forma de “motivar as pessoas a preservar o que de melhor temos e todo o trabalho de recuperação que tem vindo a ser feito”.

Relativamente aos temas a serem tratados pelas reportagens no futuro, Aires Pereira valorizou a ideia de os alunos documentarem as festas de São Pedro, que considera “uma marca distinta da Póvoa”. “Por mais que a Câmara invista no São Pedro, são as pessoas e os bairros que lhe dão alma. Sem eles, seria apenas uma festa vulgar. No São Pedro, as pessoas abrem a porta de casa e transportam a cozinha para a rua, pelo que estou curioso para ver a captação dessas singularidades”, acrescentou o edil.

Dirigindo-se à plateia composta pelos alunos envolvidos neste projeto, o Presidente da Câmara revelou grande expectativa pelo resultado final dos trabalhos: “vocês vão poder entrar na casa das pessoas, dos nossos pescadores e verificar que é gente que convive muito com a morte. O ontem, o hoje e o amanhã são marcados pela presença da morte, o que não permite que se faça verdadeiramente o luto. São ligações familiares muito fortes e a prova está no nosso cemitério, que não encontra paralelo em sítio algum, com as famílias a irem lá diariamente olhar pelos seus ente-queridos. É um manancial a explorar pelos alunos de forma criativa, e estou curioso para ver o produto final.”

“A vida não faz sentido se não for comentada, é a perspectiva de alguém que é apaixonado por esta terra desde que nasceu e que tem pena que não haja registos semelhantes de qualidade da Póvoa de tempos idos”, concluiu o edil, que fez questão de deixar claro que o projeto é para ter continuidade no futuro, pelo que “sintam-se em casa na Póvoa de Varzim e contem connosco para o que for preciso”.

Maria João Cortesão fez uma breve introdução ao plano de trabalhos dos alunos envolvidos neste projeto e destacou a “importância do trabalho longe da escola, na adversidade e fora do conforto da sala de aula.”

A coordenadora destacou a “forte cumplicidade com as gentes da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e do concelho da Póvoa, algo que é importante para a escola, que pretende manter relações de proximidade com a região, com os municípios e com a natureza”.

Manifestando o desejo de que este “seja um bom principio para um bom casamento”, Maria João Cortesão salientou a forma como foram acolhidos na Póvoa de Varzim “com simplicidade e espontaneidade, numa terra com paisagens díspares e temáticas múltiplas que inspiram os alunos diariamente”.

A Presidente da Comissão Instaladora da ESMAD, Olívia Silva, destacou o papel de Aires Pereira, cuja “forte vontade demonstrada desde o primeiro momento tornou possível o nascimento deste projeto”, agradecendo “à equipa fantástica da Câmara Municipal que nos tem acompanhado neste processo, o qual seria impossível de ser realizado sem o envolvimento de todos”.

Olívia Silva agradeceu igualmente a Ken Grant, docente na Universidade de Ulster, da capital norte-irlandesa Belfast, e à premiada realizadora Catarina Mourão por aceitarem o repto das Residências Artisticas, que persegue “a internacionalização neste tipo de projectos através da procura dos melhores a nível nacional e internacional”.

A terminar, Olívia Silva lembrou a importância de uma relação próxima com as comunidades e as autarquias, como é o caso da Póvoa de Varzim e sublinhou que “os filmes existem para serem visualizados e não para ficarem nas prateleiras da Universidade”, pelo que é fundamental que estes “sejam feitos para serem vistos e reconhecidos por todos”.

Importa referir que os moradores da cidade foram convidados a entrar nestes espaços de invento, como protagonistas ou como adjuvantes nas estórias que se pretendem contar, cumprindo desta forma um dos objetivos destas Residências: criar pontes e diálogos entre as criações artísticas.

Para além desta ligação estreita estabelecida, foi proposto aos estudantes de Fotografia Documental trabalharem sobre a preparação das festas de São Pedro, permitindo cumprir outro requisito fundamental das Residências, o de situar o concelho e destacar a sua cultura e património, através de conexões com outras narrativas e interpretações artísticas.

Todos os trabalhos serão exibidos a 28 de julho, no Cine Teatro Garrett, sendo que será igualmente publicado um catálogo, que reunirá todos os trabalhos de cinema e fotografia.

O reconhecimento dos projetos desenvolvidos no âmbito das Residências Artísticas ESMAD está evidenciado nos prémios e distinções alcançados. Entre 2015 e 2017 os mestrandos que participaram nas Residências foram distinguidos com o Prémio Fantasporto, Prémio Sophia e Jovens Criadores.