As aves são, para a maior parte das pessoas, os seres vivos selvagens mais conhecidos e admirados, seja pelas suas belas plumagens, seja pelo seu comportamento, as aves são apreciadas e mesmo estimadas.
As aves são, para a maior parte das pessoas, os seres vivos selvagens mais conhecidos e admirados, seja pelas suas belas plumagens, seja pelo seu comportamento, as aves são apreciadas e mesmo estimadas.
As aves ocupam mesmo um espaço na cultura e mentalidade das populações. A chegada das andorinhas anuncia a Primavera e encontramos diversos provérbios de natureza metereológica, como por exemplo: “gaivotas em terra tempestade no mar”. Os velhos pescadores, como nos diz Carlosé Grila, quando sentiam os frios de Janeiro, diziam “vêem aí as galhetas”, referindo-se à chegada das Mobelhas-pequenas (Gavia stellata) que empurradas pelo frio do Norte chegavam aos nossos mares.
Convivemos com as aves no nosso dia a dia. O voo harmonioso das andorinhas na primavera, o saltitar do pardal que debica migalhas entre as mesas do café, o pombo que arrulha na fachada da Câmara, ou as muitas gaivotas que constantemente nos relembram a nossa proximidade com o mar.
Nenhum outro animal seria tão bem acolhido – um rato num café faria as pessoas fugirem, uma inofensiva cobra a passear-se pelas nossas ruas seria impiedosamente perseguida e eliminada, um sapo seria encarado por alguns como qualquer manifestação do oculto.
Apresenta-se, em anexo, algumas zonas de especial interesse para a observação das aves, e a lista das aves que foram observadas no concelho da Póvoa de Varzim desde 1980.
Zonas de especial interesse para observação de Aves no Concelho da Póvoa de Varzim
Zona de dunas a Norte de Aguçadoura – até ao limite do Concelho onde começa a área de paisagem protegida do Litoral de Esposende. Nesta zona ainda nidifica o Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadris alexandrinus) e, com impressionante regularidade, pode ser observada, entre 15 de Abril e 15 de Maio, a passagem de bandos de maçaricos (Numenius phaeopus). Apesar da construção do parque de campismo, do campo de golfe e dos ocasionais despejos de entulhos, pode-se ainda observar numerosas espécies de passeriformes. Avistam-se, ocasionalmente, tartaranhões (circus cyaneus), em passo migratório, e peneireiros (Falco tinnunculus).
As ocasionais e temporárias lagoas que se formam durante o Inverno entre as dunas são excelentes locais para observar galinhas de água (Gallinula choloropus), galeirões (fulicula atra) e diversas limícolas e patos, para além de ter uma rica fauna de répteis e batráquios.
A zona de bosques das freguesias de Terroso, Laundos e Serra de Rates, embora muito reduzida no presente, ainda comporta numerosas espécies de passeriformes como sejam as diversas espécies de chapins, fringilídeos entre muitos outros. Águias-de-asa-redonda (Buteo buteo) são regularmente observadas e, ocasionalmente, gaviões (Accipiter nisus).
Estas zonas são especialmente importantes no decurso das migrações outonais, durante as quais são muito abundantes os papa-moscas (Ficedula hypoleuca) e as várias espécies de andorinhas que aqui param e se alimentam da abundante fauna de insetos.
Na área urbana da Póvoa, onde a rola turca (…) tem tido um impressionante crescimento na última dezena de anos, podem-se realizar algumas curiosas observações: rabirruivos (Phoenicurus ochruros), andorinhas das chaminés (Hirundo rustica) e dos beirais (Delichon urbica), andorinhões pretos (Apus apus), entre outros, são abundantes. Podem-se observar, ocasionalmente, corujas das torres (Tyto alba), que de noite predam roedores nos quintais ou, durante o Inverno, as grandes concentrações de pardais que pousam nos choupos da Avenida Mouzinho de Albuquerque, ou nas tílias da Praça do Almada. Acidentalmente pode-se ver um mocho galego (Athena noctua) que se aventura na área urbana. As concentrações invernais de estorninhos malhados e negros (Sturnus vulgaris e unicolor) embelezam em alguns anos com os seus voos acrobáticos, os fins de tarde da Praça do Almada e zonas adjacentes.
A Zona portuária e litoral permite a observação das habituais espécies de gaivota, argêntea, asas escuras, guincho, etc. muito embora, ocasionalmente, surjam: gaivotinhas (Larus minutus); Grande gaivota de asas escuras (Larus marinus); e diversas espécies de andorinha do mar. Em dias de mar muito bravo, normalmente associado com baixas pressões, podem-se observar: petréis (Hydrobates pelagicus) e falaropos (Phalaropus fulicarius), entre outras. Nos enrocamentos do lado Norte do cais vêm-se, no Inverno, o Pilrito escuro (Calidris marítima) e o pica-peixe (Alcedo athis). Para o largo observa-se a passagem de corvos marinhos (Phalacrocorax carbo), araus (Uria aalge), tordas mergulheiras (Alca torda), ganso patola (Morus bassanus), etc.
As zonas rurais do concelho apresentam-se hoje profundamente humanizadas e o mono-cultivo do milho reduziu a diversidade de espécies que as frequentam. A perdiz praticamente desapareceu da nossa região, assim como a codorniz que atraía ainda nos anos sessenta muitos caçadores à Póvoa. Hoje, nas zonas rurais podemos observar a rola turca que também aqui se instalou e prospera beneficiando de alguma simpatia por parte dos agricultores e tornando-se quase comensal nas suas casas. Em Invernos frios é possível observar grande bandos de Aves-frias (Vanellus vanellus) em conjunto com tarâmbolas douradas (Pluvialis apricaria) que confiadamente permitem a observação e a fotografia, sendo por vezes vítimas dessa confiança.
É, igualmente, possível observar as gralhas pretas (Corvus corone) e pegas (Pica pica), águias de asa redonda (Buteo buteo), etc.
As ameaças que pendem sobre as aves no nosso concelho são conhecidas:
- a caça desregrada e absurda. São frequentes as “caçadas” com espingarda de chumbos, a destruição de ninhos e a captura de algumas espécies por passarinheiros;
- a poluição – de todos os tipos de ar do solo e da água;
- as alterações das práticas agrícolas, as estufas e as mono-culturas, bem com o emprego generalizado de herbicidas e pesticidas, muitas vezes em dosagens absurdas;
- destruição das florestas ou plantio de espécies exóticas;
- degradação das margens de rios e ribeiros;
- crescimento da ocupação urbanística e consequente diminuição das áreas disponíveis;
- secagem de terrenos húmidos, essenciais para numerosas espécies;
- perturbação dos locais de nidificação e de invernada nas dunas e bosque mais recatados pela prática dos chamados desportos radicais em bicicletas motos e veículos todo o terreno.
Aves do Concelho da Póvoa de Varzim
Legenda:
I – Invernante; N – Nidificante; Mp – Migrador De Passagem; R – Residente; ( ) – Situação Mal Definida
Listagem Apresentada Por Rui Rufino, Icn / Cempa, Janeiro De 2000. Adaptada À Região Em Estudo