Ânfora Haltern 70 (fragmento de zona superior)

Séc. I a. C a Séc. I d.C.

Cerâmica. Cividade de Terroso. MMEHPV. Sala de Arqueologia

 

No conjunto das cerâmicas romanas, uma das tipologias 0mais conhecidas é a das ânforas. Ânfora vem do grego “Amphora” e significa, literalmente, vaso, ou vasilha, com duas asas.

As ânforas foram usadas desde o neolítico e serviram para guardar e transportar toda a classe de produtos em estado líquido, como vinho, mel, azeite e derivados, ou sólidos como cereais, frutos secos e de casca rija.

Eram o contentor perfeito para os transportes marítimos. A produção era feita em série, seguindo o mesmo tamanho e espessura. A sua forma foi estudada de maneira a que as peças se ajustassem ao formato e dimensão dos porões das naves. Este vasilhame constituiu, assim, a coluna vertebral do comercio da antiguidade.

Uma particularidade que muito ajuda os arqueólogos, é que a forma das ânforas varia, consoante a região de onde é originária, e, ao longo do tempo, a sua configuração foi evoluindo e mudando, permitindo atribuir uma cronologia às novas variantes que foram surgindo.

Na Cividade de Terroso, o primeiro material de origem romana que surge é a ânfora, mais precisamente a ânfora de tipo Haltern 70. Ao longo de todo o período imperial esta foi a tipologia dominante, correspondendo a cerca de 95% dos achados. Deste facto, podemos inferir que haveria um quase monopólio da importação do vinho e derivados a partir sul da Península Ibérica.

As caraterísticas que melhor a identificam as ânforas Haltern 70 são: o cone da base maciço; asas com uma canelura e bordo espessado. Esta forma era produzida principalmente na Bética, mais precisamente na região de Cádis, e surge abundantemente em castros do Noroeste e nas novas cidades e acampamentos militares romanos em níveis do século I AC., até fins do século I dC

As ânforas Haltern 70 possuíam uma capacidade de cerca de 30 litros, eram resistentes e com uma dimensão que permitia um fácil manuseamento. Estão associadas ao transportes de vinho, defrutum, sapa (xaropes de vinho), mulsum (vinho cozido) e olivae ex defruto (azeitonas em conserva).

Exemplares desta ânfora são encontrados nos locais da expansão militar e económica romana, da Germania à Grécia, até ao Médio Oriente. Esta ânfora surge frequentemente em vazadouros, ou é reaproveitada nos mais variados contextos, ajudando a compreender os circuitos comerciais e o modo de funcionamento de uma economia globalizada, desenvolvida por Roma.

Achados recentes sugerem que o modelo de ânfora poderia ter outras origens peninsulares para além do vale do Guadalquivir, como seja o vale do Tejo ou a zona de Peniche, muito embora o grosso destas peças certamente viria do sul peninsular.