José Rodrigues Maio – o “Cego do Maio”.

Fotografia colorida e emoldurada. “Photo Evaristo. P. Varzim” a partir de cliché de Celestin Bernard, Porto (c. 1881). Col. MMEHPV. F-345

Nascido no seio da maior comunidade piscatória de Portugal, José Rodrigues Maio (1817-1884), celebrizado pela alcunha “Cego do Maio”, foi um dos poucos 4500 pescadores do seu tempo que saiu do anonimato. A sua determinação, estratégia, coragem e capacidade de liderança aquando das ações de regaste de náufragos fizeram dele o mais galardoado herói poveiro. Ao longo do tempo, a descrição emotiva dos seus valorosos e múltiplos salvamentos alimentou o mito e tornou-o um símbolo maior da Póvoa de Varzim.

As condições precárias do porto natural da Póvoa de Varzim e as caraterísticas difíceis do Atlântico, nesta região, faziam dos naufrágios uma das preocupações centrais destes homens do mar.  Na primeira linha de socorro estavam os próprios pescadores. A interajuda era obrigatória entre a classe e o “Cego do Maio” constituiu a máxima expressão desse preceito coletivo. Os documentos atestam o seu envolvimento de 10 ações de salvamento de que resultaram 39 pessoas resgatadas. Estas operações ocorreram tanto em embarcações de pesca como no barco salva-vidas, colocado na localidade em 1864 e do qual ele foi, em 1881, o primeiro patrão nomeado em regime de exclusividade. Tudo indica, contudo, que muitos outros salvamentos ficaram sem registo escrito. O balanço verídico do total de vidas por ele resgatadas é por isso impossível, embora se alimente o mito de que o mesmo poderá ter sido superior a 80 ou 100 pessoas.

Maria Jesus Rodrigues