CE – Eduardo Halfon nasceu na Guatemala, em 1971, foi nomeado como um dos melhores escritores latino-americanos no festival Hay de Bogotá. Vive, actualmente em Espanha e esteve nas  CE para o lançamento de O Anjo Literário e para participar na 6ª mesa de debate…Poder-nos-ia falar um pouco do seu livro?

EH – É um livro sobre a origem da literatura e acerca dos motivos pelos quais alguém começa a escrever e de como, através da ficção, se recria num dado momento; é acerca da necessidade da escrita, do sofrimento do escritor, um livro sobre o trabalho de quem escreve, onde vai buscar o motivo que o impele a escrever uma narrativa.

 
CE – E quais são as suas personagens?

 
EH – Não há. São os escritores. Há cinco principais. São as “colunas” do livro. E, dentro dessa estrutura principal, há muitos outros escritores…

 
CE – E esses cinco pilares chamam-se…

 
EH – Há uma ordem: primeiro, Hermann Hesse, depois Raymond Carver, Ernest Hemingway, Ricardo Piglia e Nabokov. Mas a ordem é puramente acidental…

 
CE – E como se faz a ramificação?

 
EH – É muito caótica! Há um diário, pequenas anotações e narrações, que parecem irracionais mas estão dentro do sistema, da estrutura dessas colunas…

 
CE – Vai então buscar a cada um deles, os impulsos mais primários, a componente emocional…

 
EH – Podem não ser exactamente impulsos, cada caso é diferente. Podem ser circunstâncias, influências, mestres, cidades, filhos… Cada um deles é diferente…

 
CE – E único…

 
EH – Absolutamente único!