João Paulo Cuenca é um jovem e promissor autor carioca, cujo trabalho como romancista consiste na publicação de dois Romances até à data, gozando já de uma posição de destaque no que toca à literatura brasileira de vanguarda. Numa conversa informal após o almoço de ontem, terça-feira, dia 12 de Fevereiro, descobrimos que a sua presença neste encontro internacional de escritores tem como objectivo o lançamento do seu último romance – O Dia Mastroiani.
JPC – Tenho actualmente dois romances publicados: um na Editora Planeta – Corpo Presente – e o segundo, agora, pela editora Agir – O Dia Mastroiani. Além disso, sou colunista no jornal O Globo. Sou um escritor full-time…
CE (Correntes d’Escritas) – E como surgiu O Dia Mastroiani?
JPC – Começou com uma piada com alguns amigos. Trata-se de um livro dedicado ao hedonismo, uma forma de estar solto na vida, aberto ao inesperado, em companhia de amigos, mulheres bonitas (risos), entrar numa festa sem ser convidado – um dia Mastroiani…
O livro é satírico, irónico. Fala de um dia de fruição absoluta. A acção do livro passa-se ao longo de 24 horas. O nome dos capítulos consiste nas horas de um relógio.
CE – E como é o seu protagonista?
JPC – O livro tem várias leituras. É super-crítico. Há um certo tipo de juventude que incarna esse personagem. Ele pertence a um grupo que se coloca num tipo de escritores sem livros, de cineastas sem filmes, músicos sem discos…Além disso, tem a nostalgia do cinema italiano dos anos 60, daí o título…
CE – Não conseguem publicar…?
JPC – Não. São idealistas que não conseguem concretizar os seus projectos.
CE – Qual a razão ou motivo para tal?
JPC – Por vários motivos, entre os quais um passado opressor. E também a ideia de “para quê fazer alguma coisa se tudo já foi feito muito melhor?”. Então esse personagem, Pedro Cassavas, é uma espécie de dândi, um cínico, que nesse mundo hedonista tenta usufruir ao máximo, durante aquele dia.
CE – Esse é o teor principal do livro?
JPC – É esse o teor principal do livro. É satírico, mas à medida que se desenvolve vai-se tornando mais pesado, há como que uma promessa que não se concretiza…
CE – E o local da acção?
JPC – A cidade onde se passa a acção é, também, uma personagem, porque à medida que se veste, a cidade transforma-se num misto de várias cidades do mundo. É como se fosse uma Babel. É uma cidade imaginária, onírica.
Bom, e mais não vou contar, para deixar no ar a vontade de desfolhar as páginas…
CE – Fica assim no ar a promessa de um livro sedutor…