CE – A obra de Miguel real está, sobretudo ligada ao género romance histórico com A Voz da Terra e O Último Negreiro. Este último trabalho foge, contudo, um bocadinho à regra…
MReal – Este livro pretende relatar um período recente da História de Portugal, depois da ditadura e com a entrada na União Europeia…Pretende sobretudo descrever um Portugal velho, religioso e pobre…Isto é, pretende mostrar a passagem de um país obsoleto, rural, essencialmente agrícola, mais supersticioso do que religioso; a passagem de um país em guerra para um novo país. Um país europeu.
CE – E as personagens que se movimentam nesse universo e nesse período da nossa história recente?
MReal – O livro fala de um amor não consentido socialmente – a história de Francisco Sá-Carneiro e de Snu Abecassis. O objectivo é o de mostrar como se processou a evolução dos costumes e, principalmente, de mostrar como um segundo amor, já na idade adulta e em pessoas realizadas, é tão possível e tão importante como o primeiro amor em pessoas jovens.
A história de Snu e de Sá-Carneiro anuncia, naquela época, uma revolução nos costumes, com a introdução do divórcio que, naquela época, não existia na sociedade portuguesa, uma sociedade profundamente católica…
CE – Um livro imperdível, sem dúvida.