CE – Como surgiu a inspiração para escrever O segredo da Trapezista?

OMG – Foi através de um sonho que eu tive… Eu vivia em Pequim e, uma noite, sonhei que estava no céu, a olhar um circo…Não era a vida normal… Era como ver a vida toda de uma personagem de um circo… Olhava a pessoa e “via” todas as suas emoções. Então, acordei, levantei-me pela manhã e demorei cinco dias a escrever a história, tal como surgia na minha cabeça. E, logo depois, trabalhei-a durante treze anos… O resultado, no livro que agora temos, é fruto de um trabalho de cortes e recortes, ao longo de treze anos. A primeira versão tinha quatrocentas e cinquenta páginas. O texto final, tal como o conhecemos tem cento e sessenta, a cento e oitenta páginas…

 

CE – E assim, não há uma única palavra supérflua…

 
OMG – Oh, há muitas, ainda…porque não as vi todas…

 
CE – A obra que não fica nunca perfeita…

 
OMG – Jamais. Creio que os escritores têm um dom,iluminações e obsessões como temas que não sabem muito bem porque têm de trabalhá-los… Não sei porque escrevi esta história, mas sei que, depois de a escrever, encontrei nela muitas significâncias.

 
CE – E quais são elas?

OMG – A primeira é que é um romance divertido. A segunda é que não é um romance histórico, apesar de quase todos os dados serem históricos. Depois, porque escrevi um romance sobre o amor, sobre as diferenças, sobre a paixão, a solidariedade e a esperança. Creio que é um romance para dois mundos: o mundo do circo e o mundo real. Mas o mundo do circo é, também fictício…é o meu mundo do circo. Quer dizer, o circo é para mim, o lugar onde se encontram pessoas muito diferentes: por exemplo, a mulher barbuda, o homem mais forte do mundo, as trapezistas…O que significa que são gente diferente, que não são socialmente comuns, mas que coexistem em harmonia e que lutam por continuar a viver em harmonia…Enquanto que, a minha cidade, no romance, é uma cidade caótica, onde não há solidariedade onde não há harmonia…há caos.
Esse é o meu romance.

 
CE – Muito obrigada por esta entrevista às Correntes d’Escritas…