Luisa Dacosta

Nasceu em Vila Real, em 1927. Acabado o liceu, matriculou-se na Faculdade de Letras de Lisboa, onde terminou o curso de histórico-filosóficas, mas não a licenciatura. “As minhas universidades foram as mulheres de A-Ver-O-Mar, que murcham aos trinta anos, vivem e morrem na resignação de ter filhos e de os perder, na rotina de um trabalho escravo, sem remuneração, espancadas como animais de carga, e que mesmo afeitas, num treino de gerações, às vezes não aguentam e se suicidam (oh! Senhora das Neves! E tu permites!) depois de um parto, quando o mundo recomeça num vagido de criança! Às mulheres de A-Ver-O-Mar devo a língua, ao rés do coloquial.”

Professora do ensino oficial, Luísa Dacosta começou a sua vida literária em 1955 com a publicação de um livro de contos intitulado Província. No domínio da ficção, editou depois: Vovó Ana, Bisavó Filomena e Eu (1969), Corpo Recusado (1985). No campo da crónica, publicou A-Ver-O-Mar (1980) e Morrer a Ocidente (1990). Na Água do Tempo (1992) constitui um diário, e no campo ensaístico e crítico escreveu Aspectos do Burguesismo Literário (1959) e Notas Literárias (1960).

A partir de 1970 iniciou a escrita de livros para crianças: O Príncipe que guardava Ovelhas (1970), que foi distinguido pelo Internacional Board on Books for Young People como um “excepcional exemplo de literatura com interesse internacional; O Elefante Cor-de-Rosa (1974); A Menina Coração de Pássaro (1978); Sonhos na Palma da Mão (1990); Lá vai Uma Lá vão Duas… (1993); e outros títulos.

Na sua actividade de tradutora, traduziu obras de Nathalie Sarraute e Simone de Beauvoir.

Colaborou em numerosos periódicos, de que podem destacar-se: Colóquio/Letras, O Comércio do Porto, Jornal de Notícias, Raiz e Utopia e Seara Nova.

Entre as temáticas que mais a têm interessado situam-se os relatos de um quotidiano vulgar e a situação da mulher. Os seus livros situam-se num registo em que um sabor autobiográfico se mistura à crónica e ao conto.

Foi atribuído à sua obra Na Água do Tempo, em 1992, o Prémio Máxima.

Em 1994 obteve o Prémio Calouste Gulbenkian da Literatura para Crianças para o melhor texto para crianças do biénio 1992-1994, e em 2001 foi apresentada pela Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil a sua candidatura ao Prémio Andersen pelo conjunto da sua obra para crianças. E também nesse ano foi-lhe atribuído o Prémio Uma Vida, Uma Obra, pela Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto.

Em 2004, no âmbito da iniciativa da Cooperativa Árvore comemorativa dos 30 anos do 25 de Abril e dos 150 anos da morte de Almeida Garrett, foi distinguida com o Prémio para a área do Ensino. Em 2007, o seu livro O Rapaz que sabia acordar a Primavera, ilustrado por Cristina Valadas, obteve o Prémio Nacional de Ilustração.

Em 2002, as Edições ASA iniciaram a publicação da sua obra completa.