Fernando Esteves Pinto começou por partilhar com os adolescentes o facto de ter nascido numa casa sem livros, ou seja, na sua infância, desconhecia o mundo das palavras, mas desde que o descobriu considera “que as palavras são a nossa pátria”. “Para um escritor, tudo o que ele escreve é uma ocupação sobre o outro, as palavras existem para serem ocupadas pelo leitor”, afirmou Fernando Esteves Pinto, convicto de que, na escrita, nunca se tinha sentido um clandestino.

Apesar de considerar o tema ambíguo, José Mário Silva afirmou que a língua é a pátria comum que possuímos, afirmando-se como o património mais rico que temos. Por outro lado, cada pessoa apropria-se das palavras de maneira diferente. “A mesma palavra pode significar muitas coisas e palavras aparentemente opostas para o poeta podem querer dizer a mesma coisa” afirmou o crítico literário referindo-se ao valor que as palavras têm por si mesmas. José Mário Silva alertou a plateia para o respeito que é necessário ter perante as palavras para que estas não se degradem visto que são matéria muito frágil mas muito poderosa.

Após manifestarem a sua opinião sobre a temática, os escritores desafiaram os alunos a falarem sobre os seus hábitos e preferências de leitura, dizendo que a melhor forma de melhorar a escrita é através da leitura, pois esta é o melhor instrumento para evoluir no acto de escrever. A este propósito, revelaram ainda que “o autor é feito das leituras que vai fazendo”, “a leitura é o combustível da escrita”.

José Mário Silva confessou que quanto mais lê mais vontade tem de ler e de escrever e “não há nada que lhe dê mais prazer do que o mergulho num romance”. “Gostava que depois desta conversa, vocês ficassem com mais vontade de ler”, manifestou o escritor tentando despertar o desejo pela leitura nos adolescentes.