Esta manhã, Raquel Patriarca, Hirondina Joshua e Mario Delgado Aparaín foram visitar a Escola Secundária Eça de Queirós.

Depois da professora Ana Paula Mateus ter feito a apresentação dos três escritores, a pergunta que colocou a Raquel Patriarca, antes da sua intervenção, foi a seguinte: “A Escola é o sítio ideal para formar leitores?”.  A escritora e historiadora começou por dizer que os tempos mudaram, mas que um leitor não se faz aos 30 anos e acrescentou que “tudo na vida tem um percurso. Um escritor escreve bem, porque escreve todos os dias e, um leitor é um bom leitor, porque lê muito”. Na opinião de Raquel Patriarca, para cada pessoa descobrir qual é o livro que fala consigo, tem de ler vários livros e, essa descoberta, começa em criança. Tudo isto, para concluir que a resposta à pergunta feita pela professora Ana Paula Mateus é, sim, a Escola é um bom sítio para formar leitores.

Raquel Patriarca acrescentou ainda, que por vivermos num Mundo cheio de rasteiras físicas e mentais, a única proteção que existe é dentro de cada pessoa, ou seja, com a leitura cada indivíduo desenvolve as defesas necessárias.

Chegada a vez da poeta Hirondina Joshua conversar com os alunos, começou por dizer “que a leitura é inerente ao ser humano”, pois ainda antes de sabermos ler, já lemos sinais, comportamentos e imagens. Ou seja, para a escritora, tudo o que nos rodeia é alvo de leitura. Hirondina Joshua expressou que “quando se entra num livro, ganha-se a forma das personagens, das outras pessoas”, porque se pode perceber o Mundo de várias formas, então, “a leitura é a melhor coisa que temos”.

A escritora prosseguiu, contando que a maior inspiração que se pode ter para escrever é a vida e, que há uma espécie de casa, onde cada um pode vasculhar para escrever, essa casa é o interior das pessoas. Para esta poeta de destaque na nova geração de autores, tudo o que passa para o papel está nessa tal casa só sua, que é intocável.

A intervenção final foi a de Mario Delgado Aparaín, escritor e jornalista, que perante uma plateia tão animada conseguiu, de imediato, arrancar muitas gargalhadas.

Depois de um momento divertido e sem rodeios, o escritor e jornalista disse que os jovens, de hoje em dia, vivem uma crise de autoestima, porque “pensam que o seu mundo interior não tem valor, mas isso não é verdade”. Mario Delgado Aparaín sublinhou, ainda, que todos têm uma história para contar, no entanto os jovens acham que não, pois o problema está na falta de comunicação geracional. Os avós e os pais são, para o escritor, os grandes transmissores da história que cada jovem pode contar. Portanto, se os jovens sentem que não tem uma história é porque não a foram descobrir, pois “todos temos uma história e isso significa que todos podemos escrever”.

Mario Delgado Aparaín terminou lembrando que a ferramenta principal para se escrever as histórias é a palavra, e, cada vez menos, se dá importância à palavra. Já no final, deixou o repto do hábito da leitura, pois “a forma de engrandecer o pensamento é ler”.

A plateia atenta, no final, colocou algumas questões aos escritores.

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