Esta publicação, o número 25 da colecção “Na Linha do Horizonte – Biblioteca Poveira”, integra uma introdução de Maria da Conceição Nogueira.

Estiveram presentes na sessão de apresentação, José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, e Conceição Nogueira, autora da introdução da obra.

José Macedo Vieira enalteceu o trabalho desenvolvido por Conceição Nogueira, nomeadamente o estudo que serve de intróito a esta segunda edição da obra de Francisco Gomes de Amorim publicada pela primeira vez em 1881.

E sobre o escritor natural de Aver-o-Mar, o Presidente referiu que “é uma lição de vida”, recordando que Francisco Gomes de Amorim saiu com dez anos da sua terra natal e levou uma vida de aventura. O edil salientou a riqueza das descrições, tanto de Aver-o-Mar como de Pará – Brasil, feitas pelo autor de As Duas Fiandeiras. José Macedo Vieira identificou o pensamento reaccionário e alguma petulância de Francisco Gomes de Amorim através de algumas passagens do livro.

O Vereador da Cultura interpretou a sessão de lançamento de As Duas  Fiandeiras como um “momento grato para a Póvoa de Varzim” que encarou como uma homenagem tripartida: à figura da cultura que foi Manuel Lopes, a Francisco Gomes de Amorim e à vila de Aver-o-Mar. Luís Diamantino revelou que sentiu alguma surpresa na leitura do livro “porque tudo se passa num espaço tão nosso conhecido, a freguesia de Aver-o-Mar, na altura uma aldeia muito pobre, “profundamente bem retratada” pelo autor demonstrando o seu amor à terra e às gentes “genuinamente boas”. O Vereador considera que Francisco Gomes de Amorim faz um contraste nítido entre a cidade e a província, sendo que a cidade é encarada de modo depreciativo. A emigração para o Brasil e a política são outros temas tratados em As Duas Fiandeiras, informou.

Conceição Nogueira assumiu que “é com múltipla satisfação que olho para este livro” que para si representa: “a evocação da voz de Manuel Lopes”, “a realização de um «sonho» de dois amigos que se cruzaram no meu caminho”, “o reconhecimento do apreço pelos Livros e, neste caso particular, pela Literatura, da parte da nossa Autarquia”, “a honra de, com a minha modesta colaboração, ter contribuído para o aparecimento do número 25 da prestigiada Biblioteca Poveira” e ainda “o meritório trabalho editorial desenvolvido pela nossa Biblioteca”.

A autora da introdução de As Duas Fiandeiras anunciou que agrupou as suas “notas” em seis partes (I – Dedicatória; II – Título e Subtítulo; III – Espaço Social; IV – As Duas Estellas; V – A presença do narrador; VI – Linguagem e arte de Gomes de Amorim) e afirmou que “esta foi a minha «visão», resultante da simbiose entre a minha leitura, feita aliás com muito amor, e o texto do escritor avelomarense”.

Conceição Nogueira referiu ainda que a sua leitura “ficará apenas como um pequeno contributo para a segunda edição desta obra, que, publicada pela primeira vez em 1881, ficaria esquecida entre muitas outras” e “uma obra que não é lida está morta. A sua vida e perenidade dependem das diversas e múltiplas leituras que suscitar”, concluiu.