O verso Deu-nos Abril o gesto e a palavra, do poema Mulheres do meu País, de Maria Teresa Horta, alargou a discussão a Anabela Mota Ribeiro, António Mota, Joaquim Arena, Pilar Adón, Rui Zink e Vera dos Reis Valente na primeira Mesa deste sábado, no Correntes d'Escritas.
Na Sala Principal do Cine-Teatro Garrett, o moderador João Gobern deu a palavra a António Mota, para quem “as palavras não têm poiso certo, moram em qualquer lado, gostam de esconder-se no sótão da memória e, de repente, sem aviso prévio, saltam para o meio do passeio público”. Vera dos Reis Valente exemplificou com excertos da obra Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, para sublinhar o caráter “irrepetível, esperemos”, de Abril.
Destacando um festival com um nível “que apenas nos habituamos a ver em países mais desenvolvidos”, o escritor Joaquim Arena, filho de pai português e mãe cabo-verdiana, pegou na “palavra” para falar na importância do “encontro de culturas”. Com a palavra como “ferramenta principal de trabalho”, Pilar Adón crê “ser o dever de todos os artistas, tradutores e editores de produzir a melhor obra possível”.
Para Rui Zink o 25 de Abril é “um espaço onde fomos felizes, coletiva e individualmente”, através da memória do 1.º de Maio de 1974, onde saiu à rua “lado a lado, de mão dada à minha mãe”. A concluir a primeira Mesa do dia, Anabela Mota Ribeiro deu os parabéns ao Correntes d’Escritas, um festival literário que é sentido como “uma vivência da Póvoa, a capital da alegria”, num ano em que celebramos a democracia, questionamo-la e percebemos que não é um dado adquirido nem inamovível”.
A manhã do Correntes d’Escritas ficou, igualmente, marcado pelo lançamento de cinco obras originais: É a menina quem toma a onda da própria corda – a partir do Universo Agustiniano e da sua vivência pessoal e literária na Póvoa de Varzim, com textos de Lélia Pereira Nunes, Luís Osório, Mafalda Milhões, Minês Castanheira e Rosa Alice Branco e ilustrações de Alex Gozblau; Os Avós são as pessoas preferidas dos pássaros, com texto de Raquel Patriarca e ilustração de Sérgio Condeço; A Vida na Selva, de Álvaro Laborinho Lúcio; Um Preto muito português, de Telma Tvon; Vida e Morte nas Cidades Geminadas, de Sérgio Godinho. Veja todas as fotos das iniciativas desta edição aqui.
De modo a permitir que todos os cidadãos tenham acesso à programação do Correntes d’Escritas, em plenas condições de igualdade e de inclusão, esta edição contará com um intérprete de Língua Gestual Portuguesa em cada Mesa, resultante de uma parceria entre Município e a Associação de Surdos do Porto. Para os que não tiverem oportunidade de assistir presencialmente, os vídeos completos ficam disponíveis no canal do YouTube da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. Acompanhe todas as notícias relativas à 25.ª edição do Correntes d’Escritas aqui e consulte o programa aqui. A entrada é livre.