Esta foi a primeira sessão de lançamento de livros a decorrer no âmbito do 18º Correntes d’Escritas que, até sábado, 25 de fevereiro, contará com perto de 30 livros a serem lançados durante o evento.

Eugénio Lisboa esclareceu que Diário de Viagens Fora da Minha Terra “é um corolário, um empreendimento perfeitamente insensato em que me meti em 2012. Há muitos anos dizia que um dia gostaria de escrever as minhas memórias, não por mim, mas porque conheci muita gente interessante e passei por muitas situações também interessantes, vivi em países muito estimulantes e tinha pena de deixar isso tudo esquecido”.

Assim sendo, explicou que “gostaria de escrever não uma autobiografia, mas memórias centradas nos outros, naquelas pessoas que queria recordar, queria que ficassem mais algum tempo na memória das pessoas”.

Eugénio Lisboa contou que Diário de Viagens Fora da Minha Terra vem no seguimento de cinco volumes de memórias que escreveu, acrescentado que ao preparar o 5º volume em que fala da sua estadia em Portugal, desde 1995, “deixei de fora os diários de várias viagens que fiz durante esse período para não engrossar demasiado o livro”. Mas como essas viagens também faziam parte da sua vida, resolveu reunir as páginas dessas viagens a países vários como Perú, Cuba, Uruguai, Paris, Viena, Praga, Budapeste e São Tomé e Príncipe e escrever este Diário de Viagens Fora da Minha Terra, uma alusão ao título de Almeida Garrett – Viagens na minha terra.

Eugénio Lisboa lamentou o facto da literatura memorialista ser uma literatura que não tem sido muito praticada em Portugal: “é pena porque acho que esta literatura é constituída por documentos que são importantes depois para os historiadores não se agarrarem somente a papéis, mas agarrarem-se também a documentos vivos, memórias diárias de pessoas que viveram nesse período de uma maneira muito particular e especial e registaram essa vivência nas suas memórias e diários”.

O autor confessou que “tinha esta ambição de não deixar morrer coisas que tinha vivido intensamente, que me pareciam interessantes, importantes e que me motivaram muito na minha vida quotidiana. Queria deixar como legado modesto a outras pessoas que através desta leitura pudessem entrar em contacto com essas mesmas vivências”.

Eugénio Lisboa transmitiu que “essa é a razão de ser destes cinco volumes de memórias que escrevi e que, de certa maneira, me parece um caso único. Não tenho ideia de ninguém, em Portugal, ter feito um empreendimento memorialístico desta dimensão”.

E talvez por se tratar de um caso único e que os leitores muito apreciam, o autor revelou que “pela primeira vez na minha vida, com a publicação destes cinco volumes, tenho sido constantemente abordado pelas pessoas a questionarem-me sobre quando sai o próximo volume”.

O Vice-Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Luís Diamantino, esteve presente na sessão e agradeceu a Eugénio Lisboa a sua presença, acrescentando tratar-se do “maior conhecedor da obra de José Régio que está aqui entre nós”: “é uma honra para a Câmara Municipal ter aqui a começar o Correntes d’Escritas com Eugénio Lisboa.

O autarca reconheceu que “não foi por acaso, também, que escolhemos Eugénio Lisboa para o dossiê da nossa Revista literária. Entendemos que um escritor com o estatuto de Eugénio Lisboa só podia honrar a Revista Correntes d’Escritas”.

Dirigiu-se ainda a Eugénio Lisboa: “será sempre bem-vindo entre nós e estará sempre no nosso coração”.

A esta sessão de lançamento seguiu-se a abertura da Exposição “Angola: Muxima, desenho e texto” – de Luís Mascarenhas Gaivão e Luís Ançã.

Luís Mascarenhas Gaivão e o seu amigo Luís Ançã juntaram-se num projeto com o objetivo de representar a Angola contemporânea através da articulação de desenhos realizados no sítio e textos que descrevem as vivências do local. Os autores deslocaram-se a Angola e aí trabalharam durante 15 dias a captar momentos e espaços e a registá-los, cada uma à sua maneira. O produto final foi publicado num livro. Os desenhos estão em exposição no Cine-Teatro Garrett.

À noite, a partir das 22h00, no Hotel Axis Vermar, serão apresentados mais quatro livros: Épicodrone E etc…, de José-Alberto Marques, O Inventário do Sal, José Alberto Mar, O Kaputo Camionista e Eusébio, de Manuel Rui, e Textos de Amor, V.V..

Às 23h00, haverá um Recital de poesia e música “Cartas a Sandra” – a partir da obra homónima de Vergílio Ferreira, por Alberto Serra e Paulo Cunha.

Acompanhe o 18º Correntes d’Escritas no  portal municipal e no facebook Correntes, onde pode consultar o programa completo do evento e ficar a par de todas as novidades.