Nascido em Esmolfe (Viseu), foi em África que Amaral Bernardo foi criado e se apaixonou pela fotografia, picado pela necessidade de fixar pelos sais de prata a fulgurante luz africana. O bichinho fotográfico acompanhou-o toda a vida e nem o empenho profissional como médico internista e, mais tarde, como Chefe de Serviço de Medicina Interna e catedrático convidado jubilado da Universidade do Porto, diminuíram a sua inclinação para a arte de Niépce.

Entre os finais da década de setenta do século passado e o dealbar do novo milénio, Amaral Bernardo demandou, por razões afectivas e familiares, terras de Aver-o-Mar. Por aí foi fixando, em muitas dezenas de rolos de 24×36 mm e em algumas películas de médio formato, cenas da vida e do trabalho dos sargaceiros, com toda a parafernália de instrumentos e de bestas que ajudavam à dureza da função de arrancar das águas o sargaço (ou argaço, ou algaço…).

Foi dessas muitas centenas de registos que se selecionaram as que aqui se apresentam sobre a apanha do sargaço em Aver-o-Mar e que se espera funcionem como fermento de palavras.

A mostra surge no âmbito do 16º Correntes d’Escritas.