Desceu o pano sobre o 42º Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim (FIMPV), ontem à noite, na Igreja Matriz.
Com um emotivo concerto final, o agrupamento barroco Kölner Akademie e o premiado oboísta Albrecht Mayer, sob direção musical de Michael Willens, encantaram a plateia presente na igreja poveira com a celebração da arte do “concerto italiano”.
Foi, assim, com chave de ouro, que se despediu o 42º FIMPV, uma edição muito especial pelo contexto sensível que estamos a viver atualmente, e marcada pelo sucesso na superação deste “grande desafio”, no entender do Vice-Presidente e Vereador da Cultura da Câmara Municipal, Luís Diamantino.
Ao longo de 16 dias, o Cine-Teatro Garrett, a Igreja Matriz e a Igreja Românica de S. Pedro de Rates encheram-se de luz e música para uma conferência de Rui Vieira Nery, que celebrou o 100º aniversário de Amália Rodrigues, e nove concertos de referência com alguns dos melhores executantes musicais nacionais e internacionais, que muito honraram os pergaminhos das mais de quatro décadas de história deste evento cultural.
O autarca sublinhou que, nas dificuldades, o FIMPV demonstrou que continua “bem vivo, atraindo, ainda que em menor número, um público fiel, trazendo à Póvoa e à Região Norte intérpretes nacionais e estrangeiros de altíssima qualidade”. A aposta em “jovens compositores e jovens artistas” mantém-se como imagem de marca do evento, que voltou a apresentar “obras em estreia mundial e continuou a demonstrar que a ação cultural depende, sobretudo, das parcerias dos municípios, das associações e, neste caso, do Ministério da Cultura”.
Luís Diamantino não esqueceu a “parceria fundamental com a RTP, que, através da difusão dos concertos, levou a muitos o melhor da música a que só alguns puderam presenciar, nos vários espaços percorridos pelo Festival”. Recorde-se, que sempre cumprindo as orientações da Direção-Geral da Saúde, os espetáculos tiveram uma percentagem de ocupação mais reduzida, o que foi compensado com esta valiosa colaboração com a RTP, que transmitiu online, na RTP Palco, todos os concertos do certame e gravou o Concerto de Abertura, a final do 13º Concurso Internacional de Composição e o concerto final, para posterior transmissão na RTP2.
Como balanço final, o Vice-Presidente mostrou-se satisfeito porque “conseguimos demonstrar que a Cultura tem que ser uma escolha certa”, o que deixa um sentimento de “recompensa num tempo tão incerto”.
O diretor artístico do FIMPV, Raúl da Costa, manifestou-se igualmente “feliz e orgulhoso” pelo “enorme esforço da equipa organizadora, logística e artística” que tornou possível organizar um “evento com a dimensão e qualidade reconhecidas do FIMPV” e, ao mesmo tempo, “respeitar todas as exigências da DGS” com sucesso.
Não deixando também de lamentar as naturais restrições impostas a nível de lotação do Festival, Raúl da Costa considera que “este ano conseguimos chegar muito além do habitual público da sala, com transmissões da mais alta qualidade, tanto pela equipa da RTP (com o conceituado Adriano Nazareth como realizador) como pela equipa da Insónia Audiovisual”. Deste modo, a 42ª edição alcançou “milhares de pessoas, que ficaram agarradas aos nossos concertos online por durações muito elevadas (algo não habitual via streaming), em muitos países, tanto na Europa como na Ásia, o que faz desta edição com público e em streaming um sucesso e algo para manter no futuro”.
Raúl da Costa não tem dúvidas em qualificar a realização da 42ª edição do FIMPV como uma aposta ganha, pois trata-se de um evento que tem “responsabilidade” na luta “pela cultura e pela expressão dos sentimentos” e que “sempre lutou pela música, pela emoção e pela cultura do Norte de Portugal nos seus 42 anos, nunca falhando uma única edição”.
“Tivemos o luxo de ter um elenco artístico fora de série, aliando músicos portugueses a nomes de renome mundial, que muito louvaram o FIMPV. A luta e dedicação para que tal aconteça e que a cultura permaneça como parte do ADN da Póvoa de Varzim e de Portugal é algo absolutamente único nos nossos dias, que serve de exemplo para outras instituições e um marco cultural nos dias de hoje”, concluiu o diretor artístico.
Recorde o 42º FIMPV no portal municipal e viaje por todos os grandes momentos dos 16 dias desta edição tão emotiva, registados para a posteridade através da fotografia.