“Não há limites para as palavras. Nós é que impomos limitações à palavra”, referiu Ivo Machado que revelou que o “poema surge como uma rebentação, uma maré de palavras que vêm contra nós”. “A poesia é que nos vem dizer o quão pouco claras são as coisas que nos aparecem claras”, acrescentou.

Sobre o tema, Eucanaã Ferraz expôs que “quanto mais palavras se tem, maior é o nosso mundo” e por isso, a competência lexical é fundamental porque “o que não tem nome, não existe. Quanto mais coisas conseguirmos nomear, mais coisas possuímos”, acrescentou o escritor do Rio de Janeiro que considera que a palavra exerce uma acção sobre nós do mesmo modo que nós exercemos uma acção sobre ela. “As palavras têm limites, como tudo tem limites. Mas temos que esticar esses limites” adiantou Eucanaã Ferraz referindo ainda que existe um acordo que define uma estrutura própria de cada língua e esse acordo deve ser respeitado por todos. O escritor manifestou ainda a sua preferência pela poesia que pensa ter muito mais possibilidades de expressão do que a prosa, “o poema não fala sobre as coisas, mas é a própria coisa. A poesia é mais rígida mas faz tudo caber nela, está acima de qualquer expressão”.

Tanto Ivo Machado como Eucanaã Ferraz não resistiram a partilhar com os alunos alguns dos seus poemas que fizeram questão de declamar e encantar a plateia atenta. Foi um momento de partilha de histórias e vivências que iam surgindo a propósito do tema, falar sobre o limite das palavras.