Ainda não terminara a gravação do programa de rádio “Obra Aberta”, já ali ao lado, a sala Poesia, se encontrava cheia de outros leitores, que queriam ouvir os autores de três novos livros.

Francisco José Viegas e o editor Manuel Valente moderaram as apresentações dos autores: Filipe Homem Fonseca e o livro “A Imortal da Graça”; João Luís Barreto Guimarães com a obra “O tempo avança por sílabas”; e Sergio Ramírez com o mais recente “Já ninguém chora por mim”.

Filipe Homem Fonseca nasceu em Lisboa em 1974. É argumentista, dramaturgo, escritor, humorista, músico e realizador. Autor e coautor de contos, séries de televisão, peças de teatro, rubricas de rádio, documentários e filmes, como Herman Enciclopédia, Contra-Informação, Conversa da Treta, Paraíso Filmes, Bocage, Azul a Cores, Submersos, Aqui Tão Longe e 1986.

“A Imortal da Graça” é o segundo livro que publica na Quetzal.

O autor refere-se ao livro como uma história que nasce de problemas atuais em Lisboa e no bairro da Graça, onde reside: o aumento de turistas e do arrendamento de curta duração conduziu ao encarecimento das rendas e, consequentemente, os lisboetas são empurrados para fora da cidade.

Um dia pensou nesta história: idosas resistentes que ficam entrincheiradas no bairro. Na sua cabeça, Lisboa e o bairro da Graça assemelham-se a uma mulher que demora imenso tempo a arranjar-se para sair, mas não vai a lado nenhum…

João Luís Barreto Guimarães tem 30 anos de carreira em poesia e afirmou que um “traço comum” que percorre os seus livros é o tom coloquial, apontamento que, segundo ele, também resume bem o que é esta antologia, “O tempo avança por sílabas” (Quetzal).

Sergio Ramírez nasceu na Nicarágua, em 1942.

Esteve exilado voluntariamente na Costa Rica e na Alemanha, altura em que abandonou por algum tempo a sua carreira literária para se integrar na revolução sandinista que fez cair a ditadura do último Somoza.

Em 1984 foi eleito vice-presidente da Nicarágua, apoiando a candidatura de Daniel Ortega, de quem mais tarde se distanciaria politicamente.

Em 1996 deixou a política para se dedicar por inteiro à escrita.
Com o romance “Castigo divino” (1988) obteve o Prémio Dashiell Hammett em Espanha, e, com o seguinte, “Un baile de máscaras”, ganhou o Prémio Laure Bataillon para o melhor romance estrangeiro traduzido em França.

Em 1998 venceu o Prémio Alfaguara com Margarita, está lindo o mar. Em 2011 recebeu, no Chile, o Prémio Ibero-Americano de Letras José Donoso pelo conjunto da sua obra literária e, em 2014, o Prémio Carlos Fuentes. Em 2017 foi-lhe atribuído o Prémio Cervantes.

Sergio Ramírez considerou que existem dois tipos de escritores, os que ficam calados perante o que se passa na sociedade e os outros que estão atentos e comportam-se como o comum dos cidadãos. “Sem diminuir o valor” do primeiro tipo de escritores, Ramírez classifica-se como pertencendo ao segundo grupo. Terminou pedindo aos leitores, “recebam este livro com benevolência”.

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