A Casa Manuel Lopes, a Fundação Dr. Luís Rainha e o Museu Municipal foram os locais escolhidos pela organização para os autores se reunirem com o objetivo de criarem, em conjunto, textos de temática poveira que serão posteriormente publicados.

Fomos conversar com alguns dos participantes nesta iniciativa na Fundação Dr. Luís Rainha e na Casa Manuel Lopes.

Afonso Cruz, Ondjaki, Marta Bernardes e Mário Rufino passaram parte do dia de ontem, 23 de fevereiro, na Fundação Dr. Luís Rainha.

Marta Bernardes, estreante no Correntes, foi a porta-voz do grupo e revelou-se “com desassombro e sem saber, que é como se vai para a vida. É daquele tipo de jogos que só descobrem quando se joga e, ao não haver regras fomos obrigados a que o real impusesse essas regras”.

A autora transmitiu que “aproveitamos que nos deram esta oportunidade de visitar o espaço e a biografia do Dr. Luís Rainha e ao entrarmos na sua biografia começamos a disfrutar da escrita dele, dos maneirismos, da sua relação com a escrita e com as palavras, da sua relação com as imagens da Póvoa”.

Marta Bernardes explicou que, depois deste primeiro contacto, “entre todos fomos percebendo o que peneirando cada um da sua criva, poderia fazer confluir para o universo do outro”, acrescentando tratar-se de “escrever a oito mãos”. O grupo vai procurar que “apesar das muitas vozes”, o texto tenha “um corpinho autónomo”.

Revelou ainda que o ponto de partida para o trabalho deste grupo era um artigo escrito em 1959 pelo Dr. Luís Rainha sobre “o perigo da velocidade na Avenida dos Banhos” por considerarem tratar-se “um artigo muito pitoresco mas muito rico visualmente e também muito denunciatório tanto de uma forma de vida como de uma estrutura ética e civilizacional, de um olhar profundamente masculino”

Marta Bernardes referiu tratar-se de “um retrato muito particular da relação com a cidade”, destacando as “imagens ricas e cinematográficas”.

Pedro Teixeira Neves, Margarida Vale de Gato, Uberto Stabile e Alex Gozblau estão, hoje, 24 de fevereiro, na Casa Manuel Lopes, e falamos com eles alguns minutos depois de os espaços lhes serem apresentados, ainda sob o assombro pelo que viam.

Margarida Vale de Gato manifestou-se “bastante surpreendida” com o espaço e “muito disponível para pensar na escrita em relação a este lugar e pensando se pode haver relações com um lugar mais basto da Póvoa, que conheço mal”.

Apesar de ser tudo “muito recente”, a autora referiu-se à Casa Manuel Lopes como “um lugar fascinante e muito virado para o conhecimento, um conhecimento de alguma elevação”.

A impressão da Casa Manuel Lopes causada em Uberto Stabile é de “algo misterioso e, ao mesmo tempo, carregado de conhecimento, referências e muitas ideias”, fazendo crer que a pessoa que a habitava “tinha uma grande capacidade criativa”.

Para o escritor, D’Escritas 1 Dia é um desafio “muito estimulante, que provoca o ato literário em autores distintos, com línguas e características distintas”.

Alex Gozblau definiu a casa como uma “espécie de gruta do Ali Babá” e perante algo “tão vasto, há imenso por onde pegar” para o seu trabalho de ilustração.

Para o convidado que está pela primeira vez a participar no Correntes, esta iniciativa de trabalhar em grupo com pessoas que não conhecia foi “uma das motivações que me trouxe à Póvoa”.

Acompanhe o 18º Correntes d’Escritas no portal municipal e no facebook Correntes, onde pode consultar o programa completo do evento e ficar a par de todas as novidades.