Luís Filipe Castro Mendes revelou que A Misericórdia dos Mercados “é um livro de poemas que foram sendo escritos no dia-a-dia. Toda a poesia é de circunstância e as circunstâncias são várias: são o passar do tempo, as memórias, as nostalgias, os encontros e é também a situação em que nos encontramos”.

O autor disse que “não pretende ser poesia de intervenção mas entende que deve traduzir tanto o esplendor como a indignação, tanto a beleza como a raiva. É um livro que apresenta um percurso poético que começou já alguns anos, que acompanhou uma experiência de vida passada, essencialmente, fora de Portugal, em vários países”.

O livro de Carlos Câmara Leme foi apresentado por Miguel Real que esclareceu que foi a primeira tese académica sobre 1984/5, na qual “ousa abarcar um domínios mais difíceis e metafísicos do pensamento de Eduardo Lourenço que era a questão do tempo”.

O autor da obra confessou que “Os passos em volta dos tempos de Eduardo Lourenço é mais dele (Eduardo Lourenço) do que meu (Carlos Câmara Leme)”. Por sua vez, o Professor fez questão de “agradecer, publicamente, a Carlos Câmara Leme o esforço que fez para me compreender, eu que a mim próprio não me compreendo”.

Centrando-se nas primeiras reflexões sobre o tempo e o seu enigma, tem também o mérito de ser um dos primeiros estudos sobre a obra de tão significativo pensador.

Como escreve Eduardo Lourenço no prefácio a esta edição «A minha imaginária tematização, temerariamente anunciada, como sendo a do “Tempo e Ser” nunca será escrita. Mas não há uma linha minha que não viva desse desafio impossível e desse fracasso em supuração viva.» […]

Carlos Câmara Leme compreendeu perfeitamente que era nesse “tempo com História”, nós como História, que residia o enigma vivo em que banhamos e, no sentido mais literal e incandescente da palavra, “ardemos”. Infelizmente, na época do seu ensaio precursor e precoce, a temática e preocupação pelo enigma do Tempo, mais de ordem “metafísica” que “historial”, convertera-se de enigma transtemporal em questionamento mesmo da Humanidade como sujeito de si mesma.

Esta edição inclui, também, quatro entrevistas a Eduardo Lourenço, sendo uma delas inédita.

José Ovejero contou que A Invenção do Amor se passa em Madrid, nos dias de hoje, e narra a história de Samuel, que se apaixona por uma mulher que já morreu e que ele nem sequer conhecia. A partir daí, decide-se a reinventar-lhe uma vida, fazendo do leitor cúmplice na capacidade do ser humano para se enganar a si mesmo.

Do seu terraço, Samuel observa a agitação quotidiana de Madrid, repetindo para si próprio que tudo está bem. Sobreviveu aos quarenta, a “idade maldita”, não tem filhos, e as mulheres entram e saem da sua vida sem nunca pronunciarem as palavras “para sempre”.

Uma madrugada, alguém lhe comunica por telefone que Clara, sua ex-namorada, morreu num acidente. De ressaca, Samuel é incapaz de explicar que não conhece nenhuma Clara. Impelido por um misto de curiosidade e enfado, decide ir ao velório. É então que, fascinado pela possibilidade de usurpar a identidade da pessoa com quem o confundem, Samuel ficciona uma história de amor com Clara, que vai partilhando com Carina, a irmã desta. Samuel vê nesse jogo de ilusões a possibilidade de reinventar a sua existência e de, por fim, se sentir vivo. À medida que a memória de Clara vai ganhando verdadeira forma na sua cabeça, vai crescendo também a atracção que sente por Carina – e Samuel começa a perder o controlo do jogo que criou. Irá o amor que inventou ser a sua salvação ou a sua perdição?

Este romance tem todos os elementos de um thriller clássico. Narrado na primeira pessoa, a voz inquisitiva e irónica do protagonista vai desvelando as imposturas do amor e, ao mesmo tempo, a sua absoluta necessidade.

Nesta obra, o autor reflecte sobre a actual situação do país e sobre uma geração de homens e mulheres, agora nos quarenta, cujas vidas pouco ou nada se parecem com aquilo que idealizariam para si mesmos, se lhes fosse possível idealizar.

Acompanhe a par e passo o 15º Correntes d’Escritas, no portal municipal.