Recordando a sua participação em 2008, na Conferência de Abertura do Correntes, e, agora, como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa explicou “essa presença em diferentes momentos e diversas qualidades”: “sou, acima de tudo, um Professor, um jurista, mas também o homem dos livros, leitor, autor e até, episodicamente, editor”. Reconheceu ainda “ter contribuído para que os livros tivessem um espaço de divulgação na televisão portuguesa” e “ser sensível ao enraizamento local deste festival”.

O Professor referiu que “participar num evento que promove o livro, a leitura e o encontro com os escritores é-me natural e mais tempo por cá me demoraria”, acrescentando que “uma das características do Correntes d’Escritas é a sua faceta ecuménica”.

Marcelo Rebelo de Sousa transmitiu que apesar de se poder dizer que esta edição seria a da maioridade, esta “já foi alcançada há muito com a durabilidade de um projeto que pela qualidade alcançou o estatuto de principal festival literário português”. Reconheceu que há outros festivais mas “basta falar com os escritores para perceber que o Correntes d’Escritas ganhou um lugar muito especial no calendário literário” e, por “todos estes anos de sucesso”, o Presidente da República deu os parabéns aos responsáveis.

Referindo-se à programação do evento em geral, o Professor destacou o encontro dos escritores com alunos das escolas: “é essencial o papel das escolas. Quando pensamos em livro e leitura não podemos deixar de pensar na escola”, deixando ainda uma saudação muito especial aos professores pelo seu papel, “fundamental para a sociedade portuguesa”.

Dos mais de 80 convidados, Marcelo Rebelo de Sousa fez “três menções especiais”: ao conferencista de abertura, Francisco Pinto Balsemão; ao homenageado do mais recente número da Revista, Eugénio Lisboa; e ao Ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes.

O Chefe de Estado terminou felicitando a todos por “estes 18 anos e pelos mais que hão-de vir. Felicito como leitor, como amante de livros e como Presidente da República Portuguesa”.

O Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, considera que “a literatura é a via especialmente adequada para o progresso moral e para a elevação social de cada um e da comunidade a que pertencemos”.

Neste sentido, e dirigindo-se a uma plateia constituída, quase na sua totalidade, por escritores, transmitiu que “temos em comum o uso da palavra, ferramenta a que conferimos diferentes missões, em função dos campos em que nos situamos e dos objetivos que prosseguimos”.

Assim sendo, o edil revelou que “na política, a palavra dá corpo a uma ideia, no meu caso, a um projeto local de desenvolvimento. Pela palavra me comprometo, da palavra fico escravo. Porque, em boa ética política, promessa é dívida. Na política, a palavra dá forma a compromissos objetivos.

Mas parece inevitável que na política, por efeito do que acontece na sua circunstância, o uso da palavra se aproxime crescentemente de um domínio que, até agora, pertencia em exclusivo à literatura, sobretudo na sua vertente ficcionista”.

Aires Pereira advertiu para o facto de que atualmente “a mentira deixou de embaraçar, muito menos de ser motivo para vergonha, retratação ou demissão. E assim chegamos a este tempo em que o valor da palavra se degradou, diluindo as fronteiras entre realidade e ficção. Hoje, a opinião pública deve mais à emoção e à crença pessoal do que à realidade objetiva”, constatou.

O Presidente da Câmara referiu-se a esta realidade como um “tempo perigoso, que a mentira chama «pós verdade». Falamos de pós-verdade como marca de um novo modo de ser, de estar, de comunicar, de influenciar, de organizar, de decidir.

Resta-nos a esperança de que, de tanto correr, este tempo se canse. E que, cansado de ser tempo do pós, comece a ser, a sério, um tempo de escala mais humana, que nos recoloque no caminho do reencontro com a palavra e com a leitura”.

Aires Pereira terminou transmitindo que “este Festival literário é um projeto cultural em que a comunidade se revê. Aqui sabemos quanto a cultura é importante, e não só para um futuro incerto ou distante; é importante hoje, e desde sempre: foi por ela que nos fizemos a cidade e a comunidade que somos, com a cultura e o lazer no centro do seu processo de desenvolvimento”.

O autarca poveiro ofereceu ao Presidente da República uma réplica da Lancha Poveira e, como não podia deixar de ser, alguns livros de edição municipal.

O Ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, que era também um dos escritores finalistas do Prémio Casino da Póvoa, assumiu a sua “dupla qualidade” transmitindo que sente uma ligação “particular e muito forte ao Correntes d’Escritas”, que definiu como “um momento extraordinário de convívio, um momento único de partilha de experiências e conversas” e ainda “um fenómeno de comunicação entre a população da Póvoa de Varzim e os convidados”.

O Presidente da administração do Casino, Dionísio Vinagre, referiu-se ao patrocínio à cultura em geral que o Casino tem dado e ao Correntes d’Escritas, em concreto, desde o início, e nos últimos 15 anos, através do Prémio Literário Casino da Póvoa.

Eugénio Lisboa, homenageado da 16ª Revista Correntes d’Escritas, lançada esta manhã, mostrou-se bastante reconhecido: “agradeço de coração. Muito obrigada”.

Quanto aos Concursos Literários, A Sombra do Mar, de Armando Silva Carvalho, é a obra vencedora do Prémio Literário Casino da Póvoa 2017, no valor de 20 mil euros.

O poema Simplesmente parecidos de Juliana da Silva Barbosa, que concorreu com o pseudónimo de Miura Yigurashi, foi o escolhido para o Prémio Literário Correntes d’Escritas Papelaria Locus.

Em relação ao Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas Porto Editora, receberam os prémios os autores dos seguintes trabalhos: primeiro lugar: “Uma Limpeza Necessária”, do 4º A, da Escola Básica José Manuel Durão Barroso, de Armamar; segundo lugar: “Fábrica de Corações”, do 4º ano do Externato Passos Manuel, Lisboa; terceiro lugar: “A História que o Miki contou”, do 4º B da Escola Básica José Manuel Durão Barroso, de Armamar. Foi ainda atribuída a menção honrosa de ilustração a “O Dicionário da Amizade”, do 4º Abp, da Escola Básica Bom Pastor, do Porto.

Helena Luísa Miranda Coentro, de Miratejo – Corroios, que concorreu com o pseudónimo de “Sibaru” foi a vencedora do Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha Correntes d’Escritas 2017, no valor de 1000 euros, com o trabalho “No Silêncio das Marés”.

Acompanhe o 18º Correntes d’Escritas no  portal municipal e no facebook Correntes, onde pode consultar o programa completo do evento e ficar a par de todas as novidades.