As pequenas e garridas pitangas, vermelhas cor de sangue, cor de vida. Fruto tão popular nas ruas e nos quintais de Luanda e que, no filme de Ondjaki e Kiluaje Liberdade são a imagem de uma nova capital e de um novo país que se constrói e reinventa; das novas gerações; de uma nova esperança.

É a realidade da sociedade angolana, representada nas histórias dos habitantes da capital, que constitui o cerne deste documentário – é que Luanda é tão forte que parece um país, afirma Ondjaki.

Dois jovens angolanos da mesma geração, Ondjaki, escritor, e Kiluanje, realizador, com Inês Gonçalves, responsável pela imagem, passaram dois meses em Luanda, em 2005, a realizar entrevistas. Recolheram 38 horas de imagem e reduziram-nas a uma hora de documentário, a que deram o título “Oxalá cresçam Pitangas” ( Histórias de Luanda), composto pelos depoimentos de dez habitantes de Luanda. E é através destas pessoas que, segundo Ondjaki, a cidade se revela.

Luanda nunca tinha sido filmada assim, através do testemunho dos que nela vivem, dos seus sonhos, das suas realidades, expondo as suas fragilidades e os seus encantos. Os conflitos entre a população e a esfera política, a proliferação do sector informal, as desilusões e as aspirações, o questionamento do espaço urbano e do futuro de uma Angola em acelerado crescimento.

Estas dez personagens falam também das suas vidas, do seu modo de agir sobre a realidade, da música que não pode parar. Aparece uma Luanda onde muitos sobrevivem com grande imaginação, onde se misturam várias gerações, onde se recriam linguagens, uma cidade onde a tristeza e a felicidade convivem com a euforia, onde o ritmo nunca abranda e onde a esperança no futuro e na felicidade é o substrato da própria vida.

“Oxalá cresçam Pitangas” é, pois, esse acentuar da esperança no futuro. O olhar de uma nova geração sobre uma cidade e um país que se confundem na sua realidade cultural.