Pela terceira vez no Correntes d’Escritas, Joana Bértholo referiu-se à inquietude em que vivemos atualmente: “a insatisfação torna-se constitutiva e desenvolvemos fraca tolerância à dor, ao desconforto, lutamos contra qualquer forma de perda ou vulnerabilidade. A ideia é estar sempre bem”.

As palavras “lugar” e “agora” do verso foram o ponto de partida para a intervenção de José Alberto Postiga que cativou o público com uma narrativa que levou o escritor poveiro a refletir sobre a fragilidade da vida: “porque teimo em manter esta vida de emigrante se era neste lugar que amo e me viu nascer que eu precisava estar agora e para sempre”.

Juan Gabriel Vásquez partiu dos versos anteriores ao apresentado “Só mal tocando as cordas da memória/ Consegue o coração ressuscitar” para se deter nos termos “memória” e “coração”. O escritor colombiano referiu que “todos temos um livro no nosso interior feito das nossas experiências e o trabalho do escritor é traduzir as memórias sentidas”.

Pedro Almeida Maia, que se estreou nesta edição como convidado, refletiu sobre o lugar em que a humanidade se encontra ao “travar inúmeras batalhas em simultâneo e a maior delas consigo própria, com o seu lugar interior clamando que o problema está no planeta”. Também Manuel Jorge Marmelo refletiu nesse sentido, aludindo à canção de António Variações “Porque eu só estou bem / Aonde eu não estou” para constatar que “o escritor é uma consciência em movimento e está sempre num lugar físico onde já não se encontra”.

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