Com moderação de Renato Filipe Cardoso, a Mesa 5 do Correntes d’Escritas principiou com a intervenção de Simão Lucas Pires, que refletiu sobre a força do uso “dos nomes”, ilustrando com a palavra “ética”, que vem vivendo “nos acidentados trilhos da cultura nacional”.  O autor d´A Trombeta Vaga, obra que será lançada amanhã no Encontro Ibérico de Escritores, considera que “as palavras sofrem o uso que fazemos delas” e esta em particular tem sofrido um “empobrecimento no horizonte do sentido mais forte e original da palavra”, transformando-se numa “versão murcha de si própria”.

Para Rosa Alice Branco “o nome tem em si memórias secretas nos genes, na narrativa da vida, está imbuído de acontecimentos e valores que contribuíram para fazer de mim o que sou hoje e serei amanhã”. Já a jornalista e escritora venezuelana Karina Sainz Borgo falou do “rastro de um perfume desgovernado” existente em cada nome e contou a história da Ilha do Dr. Schubert para explicar que um nome pode aportar todo um território. Terminou perguntando à plateia: “quantas coisas cabem num nome?”.

José Luís Tavares leu um excerto de uma “suposta oração de sapiência” e, assim, “desceu aos mares da memória” de um nome para encontrar o seu “país inexistente”. Nessa viagem, o poeta afirmou que é “tarefa do homem preservar a liberdade” através da cultura, porque “nada do que é essencial prospera longe da palavra”.

A concluir a Mesa 5, Afonso Cruz sublinhou que há “demasiadas pessoas a focarem-se nas diferenças, em vez de se concentrarem nos elos comuns” e exemplificou com a falta de tradução ocidental da palavra Alá, que significa Deus em árabe, e que provoca “desigualdades que não existem”. Para o multifacetado escritor, ilustrador, cineasta e músico, “quando o tempo passar e notares como o teu nome circula entre os homens, adota outro, pelo qual Deus te passa chamar de noite e esconde-o de todos”.

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