Rui Vieira começou por afirmar que, agora que está publicado, “o livro já não é meu”. Vozes no escuro conta a história de uma noviça de dezassete anos que se interroga sobre a sua verdadeira vocação, isolada no castigo da cela de um convento durante seis dias, sentindo-se possuída pelos espíritos e pelas vozes das anteriores freiras que habitaram a mesma cela. O autor explicou que “as personagens não têm nome. Mais do que falar de freiras, quis que a personagem principal fosse a Mulher”.

Para Pedro Eiras, Substâncias Perigosas é “um respirar fundo, um desabafo, um ponto da situação, um resumo das minhas aulas e o que vocês quiserem”. O livro de Pedro Eiras tem como título completo Pequeno divertimento sobre literatura em cem lições também conhecido sob o título Substâncias Perigosas em que se explica por que meios os livros matam os seus autores e onde se dão variados e muito instrutivos exemplos ao alcance do comum dos mortais. A obra é um divertimento para quem escreveu e para quem lê, sobretudo aqueles apaixonados pelos livros que reconhecerão os poderes fatais dos objectos por quem nutrem tanta paixão.

A editora Livro do Dia, pela voz de Luís Filipe Cristóvão, lançou Desacordo Ortográfico, uma antologia de textos que valorizam a diferença na língua portuguesa. Autores portugueses, brasileiros, cabo-verdianos e moçambicanos reuniram-se para, mais do que escrever em bom português, escrever “boa literatura”.  Um livro com textos de Altair Martins, Cardoso, Gonçalo M. Tavares, João Pedro Mésseder, Luandino Vieira, Luis Fernando Verissimo, Luís Filipe Cristóvão, Manoel de Barros, Marcelino Freire, Maria Valéria Rezende, Nelson Saúte, Olinda Beja, Ondjaki, Patrícia Portela, Patrícia Reis, Pepetela, Reginaldo Pujol Filho, Rita Taborda Duarte, Rogério Manjate e Xico Sá.

Pablo Ramos apresentou a sua Origem da tristeza. Segundo o autor, esta é uma obra de aventura onde se segue o crescimento de Gabriel. Neste romance, muito autobiográfico, Pablo Ramos exibe os seus extraordinários dotes de narrador através de uma escrita luminosa e precisa de ritmo apaixonante, que sabe que o humor é mais poderoso que a auto-compaixão e que a vida, se a deixarmos vibrar, abre caminhos mesmo onde estes não se vislumbram.

Milton Fornaro foi apresentado pelo poeta Ivo Machado que leu a edição uruguaia há quatro anos. “Como sou um homem prevenido e guardo todos os meus emails, trouxe a mensagem que enviei ao Milton depois de ter lido a sua obra”, explicou o escritor açoriano. Ivo Machado considera Cadáver precisa-se “uma obra desconcertante, magnífica”.

E foi com muito sentido de humor que Héctor Abad Faciolince apresentou Receitas de amor para mulheres tristes. O escritor contou que a história foi rejeitada por nove editoras, antes de ser publicada pela sua namorada. Depois de sofrer de fortes cólicas biliares que, segundo Héctor Abad Faciolince são frequentes em mulheres que já tiveram muitos filhos, o autor sentia-se “uma mulher muito triste”. “Receitas” em belíssimos textos, traduzidos pelo poeta Pedro Tamen, para ajudar à cura dos “males de que padecem as mulheres, ou a identidade feminina”, que vão da infelicidade à traição, à frigidez, ao receio de ficar velha, ao nervosismo, ao medo das sogras, ao mau hálito, através de uma sabedoria que vem de trás e que conhece o “feminino” em profundidade. Isto apesar de o autor ser um homem. Mas que teve cinco irmãs, ou seis mães, como ele diz, e a quem dedica esta obra.