Em ambas as iniciativas está registada a história da fábrica e dos seus vários intervenientes, a resiliência e a força criadora que sustentaram a criação, a preservação e mesmo a inovação de um produto a que desde logo se associam os conceitos de conforto e altíssima qualidade.

Na celebração do centenário da empresa poveira, o Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, destacou o facto da Fábrica ter sido criada por uma mulher, Hilda Brandão Miranda, circunstância completamente inusitada há cem anos. Aliás, a História dos Tapetes de Beiriz fez-se – e faz-se – essencialmente no feminino. Uma história emocionante na qual as mulheres são as protagonistas há cem anos.

A empresa começou em 1919 com seis camponesas-tecedeiras e dois pequenos teares e em 1934 tinha já 350 operárias e cerca de 60 teares. O edil não pode deixar de sublinhar a importância que uma empresa deste género, que empregou tantas mulheres, teve na transformação social da época em Beiriz e nas freguesias mais próximas. E, por isso, o Tapete de Beiriz faz parte do património do concelho.

Aires Pereira recordou que, nos anos 40 e 50, não havia em Portugal casa boa ou instituição de prestígio que não tivesse um Tapete de Beiriz. O Palácio da Paz, em Haia, o Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa, o do Porto, o Palácio de Belém e os teatros nacionais de S. Carlos e S. João são alguns dos locais que exibem exemplares deste artigo centenário.

Em 1974, fruto da Revolução e das vicissitudes que dela advieram, a Fábrica foi encerrada e apenas em 1989 foi recuperada pela alemã e Heidi Hannamann Ferreira. Mais uma vez, uma mulher ao leme da Fábrica. Heidi Hannamann Ferreira recrutou antigas funcionárias e, aos poucos, reiniciou a produção. Hoje, é a Cátia Ferreira (a terceira mulher à frente do destino da Fábrica), filha de Heidi, que cabe a tarefa de dar continuidade a esta indústria artesanal.

Para Aires Pereira, a História das empresas mais antigas do concelho confunde-se com a História da Póvoa de Varzim.