Na mesma noite houve lugar para a abertura da
exposição de pintura da ilustradora Júlia Landolt, o lançamento do livro
“Caçador de Pirilampos” de José Carlos Vasconcelos e a apresentação de uma nova
edição da Asa do romance “O Arco de Sant’Ana” de Almeida Garrett.

A apresentação deste “três em um”, como o
próprio designou, foi realizada pelo escritor e jornalista José Viale Moutinho,
que realçou a “singularidade” da poesia de José Carlos Vasconcelos, o
“flagrante lirismo das imagens” de Júlia Landolt e o “exemplo de literatura
desta crónica portuense” de Almeida Garrett.

José Carlos Vasconcelos começou por
referir o facto de ter estado cerca de duas décadas e meia sem publicar versos,
nunca tendo, no entanto, deixado de os escolher para organizar em livro(s).
Muito do que escreveu em geral não editou. Finalmente, em 2001, “optei por
reunir alguns poemas que têm a ver com a Póvoa e o mar, para mim quase
sinónimos. E que têm a ver, em simultâneo, com a infância, a memória, o tempo
irrepetível. Foi também uma forma de recomeçar a publicar versos voltando ao
sítio de partida”, através de “O Mar a Mar a Póvoa”, revelou o poeta. Em 2004 foi
publicado “Repórter de Coração” e agora, “mais três anos volvidos, sai este
livro que o leitor tem nas mãos, cujos poemas mais antigos, aliás poucos,
remontam, como os dos dois livros anteriores, à década de 60; os mais recentes
são de 2005”. O
autor confessou que não data os poemas, pelas mesmas razões por que não o fez
nos dois livros anteriores porque, “«salvo nos raros casos em que os poemas já
‘nascem’ na sua forma (quase) definitiva, ao longo do tempo mais ou menos os
vou modificando»; e por não haver razões que exijam ou justifiquem situá-los no
tempo”.

José Carlos Vasconcelos procurou reunir neste
volume poemas quase sempre curtos ou mesmo muito curtos, poemas em geral
ligados a certos instantes que, por qualquer razão, o emociona(ra)m, marca(ra)m,
toca(ra)m, assim desencadeando o relâmpago que está na origem dos seus versos.  “Digamos que este livro poderia ter uma
epígrafe … de Eugénio de Andrade: «Estou de passagem./ Amo o efémero.»”,
referiu o jornalista que considera que talvez seja a profissão que,
frequentemente, o faça sentir eterno o efémero; ou até que só o efémero é
eterno. E através da efemeridade, o autor conduziu-nos ao título da sua obra,
afirmando que tem “consciência da amplitude do voo, um confesso e apaixonado,
embora involuntário, «caçador de pirilampos». Caçador, caçado, que agradece ao
amigo e editor José da Cruz Santos o que uma vez mais fez pelos seus versos,
inclusive na selecção e ordenação dos poemas”. O poeta concluiu manifestando a
sua satisfação por neste volume ter a companhia de Júlia Landolt, cujas pinturas
tanto o enriquecem e valorizam, como em obras anteriores aconteceu com
trabalhos de outros artistas.