Dedicada em
exclusivo à edição de livros infanto-juvenis, a editora mereceu o elogio de
Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, presente na sessão de
lançamento de Cinema Garrett, por
apostar “na qualidade e na beleza das coisas”. O Vereador enalteceu não só os
poemas de Vergílio Alberto Vieira, mas também o “trabalho belíssimo” da
ilustradora, Anabela Dias que, em conjunto, fizeram de Cinema Garrett um “passeio pelo imaginário da Póvoa, um documento
das muitas recordações que temos da nossa terra.” 

De facto, são
dezassete poemas que revisitam a Póvoa de outros tempos, a Póvoa que Vergílio
amou ainda criança. Estão lá “Os Moinhos de S. Félix”, a “Senhora das Dores”,
“A Igreja da Lapa”, “A Ronca”, e figuras como “Os Banheiros”, “O Catitinha”, “O
Fotógrafo”, “Poveiros”, e claro, o “Cinema Garrett”. Luís Diamantino viu na
obra o carinho de Vergílio pela Póvoa, afinal, e como afirmou, “é poveiro quem
ama a Póvoa”. “Este livro faz-me voltar à Póvoa que vivi quando era criança.
São momentos muito fortes”, rematou. 

Um livro de carinho
e emoções que em nada facilitou o trabalho de Anabela Dias, como a própria
explicou: “Foi um grande desafio. Eu não sou poveira e os poveiros são gente
muito específica”. Para elaborar as ilustrações para o livro, Anabela Dias
tornou-se “um pouco poveira” e desenvolveu um cuidadoso trabalho de pesquisa,
com recurso a texto e imagens “para tentar criar os ambientes adequados aos
textos e encontrar um equilíbrio entre as duas partes”.

Lançamento 03

Vergílio Alberto
Vieira explicou que Cinema Garrett
nasceu em Agosto, por alturas da vinda do escritor à Feira do Livro da Póvoa
para apresentar A Boca no Trombone.
Nesse dia, soube da existência de uma escola na Póvoa que dava pelo nome de
Escola dos Sininhos e a peculiaridade do nome foi suficiente para despertar a
criatividade do escritor. “Este projecto assustou-me porque durante uns sete ou
oito dias não consegui dormir. Escrevi 17 poemas, podiam ter sido 27, mas
fiquei por aqui porque era isto que eu queria dizer”, explicou o escritor para
quem a Póvoa é a sua “Ilha do Tesouro”.

Lançamento 01

A apresentação de Cinema Garrett, o 15º livro lançado pela
editora Trinta por uma Linha, terminou com a leitura de alguns poemas por parte
de Aurelino Costa.

No sábado foi então
a vez de apresentar todos os livros já lançados pela editora. João Manuel
Ribeiro, simultaneamente mentor deste recente projecto editorial e autor de
alguns livros, apresentou cada um dos 16 títulos já lançados, e que estão
divididos por quatro colecções: “Rimas Traquinas”, de poesia e de que faz parte
Cinema Garrett; “Oito por um Cordel”,
de contos; “Pim-Pam-Pum”, para os mais pequenos; e “Os Livros do Rafa”, para
adolescentes. E se até ao final do ano vai ser lançado o 17º título, João
Manuel Ribeiro pode contar com a veia produtiva de Vergílio para aumentar o
catálogo da editora. Isto porque o escritor, também presente nesta sessão de
apresentação, explicou que escreveu 31 livros para crianças, tendo publicado
apenas 19.  “Dois vão ser editados
brevemente, por isso ficam dez por publicar”, gracejou. Uma produtividade que
se deve ao facto de Vergílio gostar de escrever para crianças e não só, pois é
da opinião que “os livros não são só para crianças, são para todos os que
gostam de ler”. E lembrando os tempos em que passava férias na Póvoa e
desaparecia durante horas, preocupando os seus pais com a possibilidade de “ter
entrado mar adentro”, Vergílio transmitiu às muitas crianças presentes na
plateia aquilo que aprendeu ainda novo: que é possível andar à superfície da
água: “Escrever é como fazer barquinhos de papel e eles andassem à superfície
das palavras sem ir ao fundo”.

Lançamento 02

Aurelino Costa marcou também presença na
apresentação da editora e voltou a ler alguns poemas mas apelando à imaginação
e colaboração das crianças presentes na plateia. Assim, simularam o som do
vento aquando da leitura de “Os Moinhos de S. Félix” e, na leitura de “A Escola
dos Sininhos”, imitaram o tilintar dos sinos com a ajuda de chaves.