A última sessão de lançamentos de livros da 16ª edição do Correntes d’Escritas aconteceu esta manhã na Sala de Atos do Garrett – sem surpresas – completamente cheia.
Carlos Cástan, Mário Cláudio e Fausta Cardoso Pereira apresentaram, respetivamente, Má luz, O fotógrafo e a rapariga e O homem do puzzle.
Má Luz é uma ficção melancólica, sensual e romântica sobre o desejo e a busca de um sentido para a vida, mas é também uma espécie de thriller intenso e vertiginoso que se lê em absoluta tensão até à última página. Carlos Cástan, afirmando não querer parecer arrogante, disse que “a literatura tem a possibilidade de explicar a condição humana, quem somos e a ajudar a compreender-nos”. O autor considera que “em todos nós há uma revolução, etapas da Guerra Civil. As correspondências entre a História da humanidade e o que se passa no interior do ser humano é algo que me fascina e que quis explorar neste livro”.
Com O Fotógrafo e a Rapariga, Mário Cláudio conclui uma trilogia dedicada às relações entre pessoas de idades muito diferentes, iniciada em 2008 com Boa Noite, Senhor Soares – que recria o microcosmo do Livro do Desassossego, trazendo para a cena um aprendiz que trabalha no mesmo escritório de Bernardo Soares – e continuada em 2014 com Retrato de Rapaz – fascinante relato da vida atribulada de um discípulo no estúdio do grande Leonardo da Vinci.
Em O Fotógrafo e a Rapariga, os protagonistas são o britânico Charles Dodgson, que se celebrizou com o pseudónimo Lewis Carroll com que assinou, entre outros, o clássico Alice no País de Maravilhas, e Alice Lidell, a rapariga que o inspirou, posando provocadoramente para os seus retratos e alimentando as suas fantasias.
Fausta Cardoso Pereira apresentou o seu primeiro romance. Depois de editar uma obra sobre as suas experiências como caminhante no Caminho de Santiago, O Homem do Puzzle revela uma outra faceta da autora. “A partir de hoje, este livro já não é meu. É dos leitores e todas as interpretações são possíveis. Mas, o que eu gostava que ficasse retido na vossa mente é a pergunta: o que me levaria a sair da minha zona de conforto?”.
Em O Homem do Puzzle é preciso encontrar a peça mais difícil do mundo. Diz-se que basta pôr um pauzinho na engrenagem para fazer descarrilar todo um sistema. Tirar um pauzinho pode ter o mesmo efeito. Estaremos prontos, no momento certo, para dar o salto, abrir a porta e fugir das prisões que construímos?
Um contabilista misantropo tem um vício secreto, que alastra pelas paredes da sua casa – cuidadosamente fechada a olhares exteriores – e pelas horas noturnas, roubadas à vida oficial e vazia de interesses que lhe preenche os dias. Até que um pequeno imprevisto abala de forma dramática esta ordem de coisas: a falta de uma peça entre nove mil outras pode fazer tombar uma fábrica, uma sociedade, várias vidas. E ligar os destinos de desconhecidos que fazem, ainda que o não saibam, parte de um mesmo puzzle…