CE – Manuel Alberto Valente é um dos participantes nas Correntes d’Escritas desde 1999…
MAV – Sim. As Correntes, quando começaram, eram apenas um projecto, uma coisa muito pequenina… hoje é um evento literário de grande destaque. A qualidade e a variedade das pessoas cresceu exponencialmente. Passam, hoje, pelas Correntes d’Escritas os nomes mais importantes da expressão da literatura lusófona e de expressão castelhana…
CE – Falando em nomes de literatura de expressão castelhana, quais aqueles que nomearia para o Nobel?
MAV – É difícil…Mas já passaram por aqui alguns…Por exemplo, Luís Sepúlveda, Enrique Villa-Matas, Eduardo Mendoza… Estamos a falar de nomes cimeiros da literatura castelhana… Mas também temos, em língua portuguesa, Eduardo Lourenço, Eduardo Prado Coelho, a Agustina… De África, o Mia Couto, Pepetela…Estamos a falar, não de “escritores”, mas de nomes da Grande Literatura.
CE – E promessas ou potenciais grandes escritores para as próximas décadas’
MAV – Não sei fazer futurologia…mas nas gerações mais jovens têm passado por aqui nomes muito importantes…Basta citar Ondjaki ou, em castelhano, Karla Suárez…
CE – Crê que no mercado português está a aumentar a quota de pessoas que lêem literatura?
MAV – Com certeza! Nos últimos anos o mercado tem crescido bastante. Nem sempre cresce no ramo de literatura de melhor qualidade. Mas é muito importante que cresça. Até porque as pessoas têm de começar por algum lado, porque é a partir do momento em que se ganha hábitos de leitura – atenção que isto não é “automático” – mas pode acontecer começarem a ler Dan Brown e, depois, passarem para outro patamar…
CE – E acerca do prazer, como editor, em comentar e analisar os livros…
MAV – Por vezes é um exercício de auto-flagelação! Mas também pode ser o prazer da volúpia, a descoberta de novos talentos…Isto porque muitas vezes, as obras que recebemos por correio nas editoras são muito más…É nestes casos que falo de autoflagelação. Mas por vezes há orgasmos…(gargalhada)
CE – Privilégio de editor…