Antonio Cícero, que escreve letras para as músicas de Adriana Calcanhoto, disse que “não consegue falar sobre o amor, então, o que não consegue explicar em prosa ou na oralidade diz nos poemas.” Para Cícero, poesia e filosofia são duas áreas completamente distintas: “quando me sinto poeta o filósofo vai embora. Quando me sinto filósofo, então é que o poeta nem chega perto.”

“Há três coisas essenciais na minha vida: amar, viajar e escrever”, confidenciou Casimiro de Brito. O escritor contou que escreve em qualquer lado, “num guardanapo, numa toalha de papel, até em papel higiénico, herança que já passei à minha filha de doze anos.” O poeta algarvio explicou que “a poesia não tem como função salvar o mundo, mas sim apontar os seus defeitos.” Para o escritor “a língua portuguesa é a mais bela do mundo, por toda a sua beleza e doçura que se devem a todos os que nos visitaram ao longo da história, árabes, fenícios, romanos.” Assumidamente romântico, Casimiro revelou que “só se devem fazer três coisas com uma mulher: amá-la, sofrer por ela e escrever sobre ela.” No final, um conselho, “apenas se curvem diante do amor e não diante dos poderosos”.

Uberto Stabile, na sua comovente apresentação, confessou que precisamente há onze anos “vi morrer o meu pai. O homem que me disse as primeiras palavras embalando-me nos seus braços abandonava-me, agora entre os meus. Despediu-se com as mesmas palavras calorosas e seguras que sempre me dizia: “Sê feliz Uberto. Amo-te muito.” Estas palavras, segundo o poeta, “souberam a carícias e converteram-se num gesto, num acto que me ajudaram a compreender a beleza da vida, que inclui a consciência do seu final. Esta é a sua grandeza e a sua grande lição.”

“A linguagem com a qual decidi armar-me frente à realidade foi a poesia. A literatura não rasga apenas a realidade, entra nela, irrompe como o vento que faz bater portas e janelas, intervém e modifica, cria possibilidades”, explicou Uberto Stabile.