“A vossa atitude de entreajuda é fundamental”,
reconheceu Andrea Silva, Vereadora do Pelouro da Acção Social, dirigindo-se aos
voluntários presentes e também às entidades parceiras da BCVPV –
Real Associação
Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim, A Beneficente, o
Núcleo da Póvoa de Varzim da Cruz Vermelha, a Liga dos Amigos do Hospital Póvoa
de Varzim/Vila do Conde, o MAPADI, a Escola Profissional de Esposende e o
Instituto Maria da Paz Varzim.

Recordando que a Bolsa
Concelhia existe desde 2004, ainda que de uma forma informal, tendo apenas sido
regulamentada em 2007, a
Vereadora elogiou o trabalho de quem dá “o que pode oferecer, sem esperar
qualquer proveito. Reconheço o alto valor da vossa oferta. Com o vosso trabalho
estamos a contribuir para uma maior inclusão social”. Andrea Silva apresentou
também alguns números, avançando que, segundo um estudo da Universidade John
Hopkins, de 2007, concluiu-se que três em cada dez europeus fazem trabalho
voluntário, número que permite afirmar que, na União Europeia existem cerca de
100 milhões de voluntários.
Após este momento de
boas-vindas e agradecimento, a audiência ouviu Fernanda Rodrigues, Coordenadora do Plano Nacional
de Acção para Inclusão, falar sobre o papel do voluntariado na sociedade e na
economia. Afirmando que a área do voluntariado ainda tem lacunas, avisou sobre
o facto do voluntariado ter diferentes tipos de entendimento, fruto também das
circunstâncias e cultura de cada país. Na opinião da coordenadora, é também
importante pensar que não são só os voluntários que dão à sociedade. “Temos que
ter atenção a reciprocidade da nossa sociedade, isto é, quais as oportunidades
que a sociedade cria para que o voluntariado exista”.

No entanto, não se pode negar a relevância
societal do voluntariado, que permite ajudar o
s outros, contribui
para o dialogo intercultural, promove a convivência entre as diversas faixas
etárias, fomenta a solidariedade entre gerações, contribui para o
envelhecimento activo e também para a maturidade activa e permite a
participação societal em períodos de desemprego.
Porém, são várias as
dificuldades a nível europeu no que respeita ao voluntariado. Uma delas é o
facto de poder haver um potencial afastamento do voluntário face às exigências
da educação, da família e até mesmo da carreira. Fernanda Rodrigues considera,
igualmente, que existe falta de sensibilização e de informação sobre o sentido
de voluntário e a falta de mecanismos de apoio. “Não é voluntário quem quer, é
quem se prepara para ser”, defendeu.
O valor económico do
voluntariado pode ser, para alguns, uma questão contraditória. Mas para
Fernanda Rodrigues não é, já que, por exemplo, o voluntariado pode promover a
empregabilidade. “A área do voluntariado passou a ser uma área de valorização
curricular”, frisou, explicando que o voluntariado permite a aquisição de
competências, aptidões e habilitações. Além do mais, é uma forma de
aprendizagem ao longo da vida e estudos indicam que as pessoas voluntárias têm
menos possibilidade de ficarem desempregadas. Assim, estima-se que o trabalho
de voluntariado representa, em média, 5% a 7% da riqueza do país e representa
também uma força de trabalho lucrativa. “Por cada euro que uma organização
gasta com um voluntário, recebe três”, exemplificou. Considerando ainda que o
voluntariado representa uma poupança significativa para os serviços públicos,
Fernanda Rodrigues chamou a atenção para o facto de o voluntariado ser “uma
actividade complementar, não substitui o mercado de trabalho”.
Em Portugal, o
trabalho voluntário tem já um enquadramento jurídico-legal. Segundo um estudo
da Universidade Católica existem, no país, milhão e meio de portugueses
envolvidos em actividades de voluntariado.
Sobre o futuro,
Fernanda Rodrigues espera a consagração a nível europeu do voluntariado que,
considera “está já num crescendo no que respeita ao seu papel na sociedade”. Em
2011 decorrerá o Ano Europeu das Actividades Voluntárias para Promover a
Cidadania Activa, com o objectivo de criar um ambiente propício ao
voluntariado, dar meios às organizações voluntárias e melhorar a sua qualidade,
recompensar e reconhecer o trabalho voluntário e sensibilizar para o valor e
importância do voluntariado.
No final, e em
conversa com os muitos presentes, Fernanda Rodrigues frisou duas ideias: a
primeira de que o trabalho de preparação dos voluntários é muito importante; a
segunda, de que deve haver sempre a preocupação de adaptar o perfil do
voluntário ao trabalho que vai desempenhar.
Seguiu-se a
assinatura dos contratos de voluntariado por parte de dez novos voluntários, a
que se juntarão outros três, que não puderam estar presentes na cerimónia. Para
Andrea Silva, estas novas adesões representam “um estímulo para que se continue
a trabalhar para o voluntariado na Póvoa de Varzim”.