O vimaranense, doutorado em Ciências Musicais Históricas pela Universidade de Coimbra, revelou que subsiste em Coimbra um enorme património musical do qual algo se disse (bibliografia escassa), ainda pouco se sabe (falta um estudo síntese), algo se ouve (em concerto e gravações) e pouco se irradia (em relação ao muito que já se conhece).

Vasco Pires, Fernão Gomes Correia, D. Francisco de Santa Maria e M. de Sousa Vilalobos foram alguns dos músicos que deixaram composições, na Sé de Coimbra, enquanto na Universidade de Coimbra, alguns dos lentes que deixaram composições foram Mateus de Aranda, Afonso Perea Bernal, Pedro Talésio e Frei António de Jesus.

José Maria Pedrosa transmitiu ainda que o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra foi: “a primeira estação obrigatória no percurso da grande música portuguesa; um centro de cultura humanista no Renascimento em Portugal e constituiu uma escola”, mencionando alguns dos instrumentos que lá existiram. “A Arte da Polifonia entrou em Santa Cruz, no exemplo de Mosteiros e Catedrais do Ocidente, através das correntes culturais do Renascimento”, acrescentou, citando alguns compositores: D. Helidoro de Paiva, D. Vicente, D. Francisco de Santa Maria, D. Pedro de Cristo e D. Pedro da Esperança. Sobre a obra de D. Pedro de Cristo afirmou que entre seis códices da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e um da Biblioteca Nacional, existem 234 composições, das quais: 21 para Missa; 79 para Ofício Divino; 5 vilancicos ou cansonetas e publicadas cerca de 60.

O doutorado em Ciências Musicais Históricas referiu-se ainda à relação entre Gregoriano e Polifonia: “complementaridade material; uma polifonia que depende formalmente do Gregoriano; a dosagem Gregoriano/ Polifonia segundo as festividades litúrgicas”.

Em suma, José Maria Pedrosa definiu a Música de Coimbra em formas comuns (peças para Missa e peças para o Ofício); em formas específicas (motetos evangélicos; música da Paixão e vilancicos (cançonetas)) e estilo concertante.

Sobre a sua valoração presente, referiu o “pioneirismo em formas e estilo, qualidade superior no tratamento musical do texto e centro mais completo da produção polifónica portuguesa: composição, escrita, execução/ divulgação”.

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Nos seguintes domingos de maio, haverá concertos de qualidade, às 18h30, abordando: a Música de Requiem no Cerimonial Cristão, pelo Capella Musical Cupertino Miranda – Famalicão (11 de maio), a Religiosidade Musical pelos Caminhos de Santiago, pelo Coral Camerata Primo Tempo de Zamora – Espanha (18 de maio) e Sons da Espiritualidade Cristã na História da Música Europeia, pelo Coral “Ensaio” da Escola de Música da Póvoa de Varzim e participação do quarteto Verazin (25 de maio).

Dia marcante será ainda o 9 de maio, altura em que decorrerá o Encontro de Coros Paroquiais, que congrega mais de uma centena de pessoas de vários grupos do Arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, em cujas paróquias há a tradição de elevar a oração nas eucaristias através do canto. Irão participar: o Grupo Paroquial de Animação Cristã (GRUPAC) de Amorim; Chorus X – Grupo Coral Paroquial da Matriz de Vila do Conde; Coro do Sagrado Coração de Jesus da Paróquia de Terroso; Capela Marta – Coro da Igreja Matriz da Póvoa de Varzim; Grupo Coral Paroquial da Lapa e Grupo Paroquial de S. Pedro de Rates.

O Ciclo de Música Sacra envolve-se num ambiente Cultural aberto a todos, ouvintes e praticantes nas cerimónias religiosas, tendo em conta que divulga a música e vai mais além dos concertos e apresentações dos coros, fomentando as ações formativas, permitindo a valorização da prática e religiosidade cristãs.

A iniciativa tem vindo a cativar apreciadores e regressa com o enriquecimento do Curso de Música Sacra, ação interrompida por dois anos consecutivos. Desta vez, o Curso apresenta as disciplinas Música na Liturgia, Direção Coral, Técnica Vocal e Órgão Litúrgico, decorrendo nos dias: 3, 10, 17, 25 e 31 de maio.

A organização deste Ciclo de Música Sacra está a cargo da MelodiArtes – Associação Musical e Cultural de Rates -, tem direção artística de Abel Carriço e conta com os apoios institucionais da Junta de Freguesia de Rates, Associação Pró-Música, Conselho Pastoral e Paroquial de Rates e ainda os patrocínios da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e do Turismo de Portugal.