O tema do dia 17 de
outubro será “Ezequiel de Campos: um poveiro ilustre” e a convidada Noémia
Ferreira de Castro. A iniciativa terá início às 15h00.

 

“Ezequiel
de Campos (1874-1965) é, sem sombra de dúvida, um dos filhos mais ilustres do
concelho da Póvoa de Varzim. Foi uma personalidade de uma grandeza cultural e
científica ímpar. Economista, engenheiro, homem público e escritor capaz de
servir e honrar a língua portuguesa, Ezequiel de Campos é uma personalidade rica
cuja obra não perdeu, de todo, actualidade e interesse. A sua notável e
multiforme actividade traduz um limitado desejo de conhecer, estudar e
contribuir para a solução efectiva dos problemas económicos e sociais do país.

Foi Engenheiro de Obras Públicas em S. Tomé e Príncipe,
Deputado à Assembleia Nacional Constituinte (1911), Professor Catedrático no
Instituto Superior de Comércio e na Faculdade de Engenharia, do Porto. Dividiu
a sua actividade de “servidor público” pelas mais variadas estâncias
do Poder: Ministro da
 Agricultura
no Governo de Domingos dos Santos (1924-1925); Chefe de Brigada de Estudos Hidr
áulicos dos rios Douro,
C
ávado
e Tejo; Director dos Serviços Municipalizados de Gás e Electricidade do Porto;
Procurador à Câmara Corporativa com intervenções nas áreas da electricidade,
das finanças, da economia geral e da administração pública.

Participou na fundação do Grupo Doutrinário e Crítico da
“Seara Nova”, ligação intelectual que evidencia, desde logo, as suas
preocupações cívicas pela construção e pelo futuro do “País Real”.

Nos “jogos do poder” arriscou o caminho difícil da integração e da equidistância. A colaboração e a amizade com
Quirino de Jesus (1865-1935), coexiste nos laços de convivência intelectual com
António Sérgio (1883-1969), com quem se carteia no mesmo momento que o faz com
António de Oliveira Salazar (1889-1970). Não é difícil, assim, compreender e
aceitar as implicações do seu percurso político, se o analisarmos à luz dos
condicionalismos que o poder impõe à actividade intelectual quando esta vive e
se alimenta, quase exclusivamente, de grandes projectos de natureza social,
económica e tecnológica que não podem dispensar vontade política e bases
financeiras seguras.

Ezequiel de Campos entregou-se devotadamente a trabalhos de
investiga
ção,
te
órica
e pr
ática,
nos dom
ínios
da hidr
áulica
aplicada – estudos dos problemas de irriga
ção do Alentejo, levantamento topográfico e determinação das
bacias hidrográficas, estudo do aproveitamento hidro-eléctrico da Bacia do
Douro – e da electrificação: projectos da cidade do Porto e da Póvoa de Varzim.
(…)”in Doze Nomes para doze Meses (1996), Manuel Lopes
 

 

“À quarta (h)à conversa” é dirigida ao público
sénior e apresenta, na terceira quarta-feira de cada mês, diferentes temas
ligados à história local.