Este concurso foi realizado pelo Município da Póvoa de Varzim em conjunto com a Ordem dos Arquitetos. O júri, composto pelo Vereador do Pelouro das Obras Municipais da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Eng. Luís Ramos, pelo Chefe da Divisão de Gestão de Projetos da Câmara Municipal, Arq. Eurico Rebelo e pelo representante da Ordem dos Arquitetos, Arq. Paulo Calapez, avaliou todas as propostas considerando que o projeto vencedor tem as melhores condições para articular os espaços dentro do território, por forma a respeitar a continuidade com os espaços envolventes e a coesão da malha urbana, promover um espaço público dotado de equipamentos de utilização coletiva capaz de agregar e referenciar esta zona da cidade como polo de desenvolvimento e servir como modelo para outras ações urbanísticas, nomeadamente de iniciativa particular.

A proposta vencedora teria de ser consubstanciada na quantidade e valor de solo natural libertado de construção; nos espaços de lazer e recreio infantil e na disseminação de serviços ou pequenos comércios agregadores e de primeira necessidade, sempre e adequadamente servidos por redes integradas de mobilidade viárias, pedonais, cicláveis, e infraestruturas inteligentes e sustentáveis.

A apreciação foi efetuada tendo em atenção os seguintes três critérios de seleção pré-definidos: referenciação do espaço público (valorizado em 40%), qualidade arquitetónica e urbanística (30%) e integração e expansão (30%). Após afetação, foi atribuída uma pontuação final de 7,3 (de 0 a 10) ao trabalho vencedor.

Relativamente à referenciação do espaço público, o júri considerou que a proposta apresentada pela Projetos com Propósito, Lda “não se encontra contida a nível do solo, tornando-se aberta e fluida”, conciliando “percursos pedonais com as entradas dos edifícios e pequenas áreas de serviços e comércio” e privilegiando o espaço exterior com a criação de “uma área para desporto ao ar livre e um parque infantil”.

Deste modo, o trabalho vencedor confirma “os valores da paisagem, das referências, das características do lugar, do desenho dos espaços, das dinâmicas próprias e da identidade dos novos espaços construídos e das relações com as preexistências ou com a natureza e sustentabilidade”. Liberta, assim, “espaço para fruição e enquadramento paisagístico”, maximizando a “sustentabilidade e eficiência energética” e permitindo “continuidade de paisagem e arranjo exterior/espaço público, usufruto, recreio e lazer, bem como mobilidade sustentável, ciclável e pedonável com elevado nível de conforto e segurança”.

No que concerne ao segundo critério, relativo à qualidade arquitetónica e urbanística, o júri realçou a “preocupação de sustentabilidade e energia”, sublinhando que o trabalho nº 2 se “adequa à memória da paisagem do território de intervenção atual contemplado ao nível térreo, conjugando sustentabilidade e soberania alimentar com transferência energética de forma inovadora” e propõe “espaço de desporto exterior”, adicionando valências ao espaço público com a proposta de inclusão de um parque infantil como equipamento.

Quanto ao critério de integração e expansão, o projeto vencedor destaca-se pelo “uso do espaço público e sua envolvente e respetiva integração” e conjugação com “percursos e continuidades pedonais e ciclovias seguras e atrativas à mobilidade geral, qualificando espaços” e “integrando arquiteturas e populações”.

A avaliação do júri foi aprovada em Reunião de Câmara, no dia 21 de julho. O Presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, destacou o grande interesse que este concurso público suscitou, com o número de propostas a ascender as duas dezenas, comprovando as vantagens deste tipo de concurso para a análise de diferentes ideias e contributos.

O executivo considerou unanimemente que a proposta escolhida era “a mais adequada e a que melhor se insere nos objetivos que temos para aquele espaço”. Segue-se o desenvolvimento do projeto de execução para posterior lançamento do concurso para esta “importantíssima obra no que se refere à oferta de habitação a custos controlados para fixar população no nosso concelho, nomeadamente, população jovem”.

O júri entendeu ainda propor duas menções honrosas, de carácter não pecuniário, aos trabalhos nº 3, de João Paulo Loureiro, e nº 12, de Cannatá & Fernandes, arquitetos, Lda + Cesário Moreira, projetistas e consultores, Unipessoal Lda, por considerar que “ambos os trabalhos se consubstanciam enquanto alternativa de intervenção sobre o território”.

Como balanço final, o júri pretende que este concurso de Loteamento Urbanístico sirva para promover a reflexão e contribua para o inicio de uma inovadora forma de reorganização das cidades, invocando e convocando modelos urbanos diferentes e sustentados, noutro paradigma global, que não a constante densificação e impermeabilização dos territórios subtraídos ao mundo rural, neste caso periurbano.