Com o 17º Correntes d'Escritas abriram ao público duas exposições, uma patente na sala de atos do Cine-Teatro Garrett, e outra espalhada por vários espaços da cidade, desde Museu e Arquivo Municipais a estabelecimentos comerciais.
Se ainda não as visitou, aproveite até ao dia 14 de março para o fazer.
No Garrett, a exposição “O mundo de António Lobo Antunes”, ficções fotográficas de Ana Carvalho inspiradas na obra do autor, está dividida em três partes fundamentais: Personagens-Vozes; Memória; Cenários.
Ana Carvalho explica o que a levou até esta exposição: “Em geral, não fotografo pessoas mas, quando o faço, é porque fazem parte de uma dada composição. Mas, neste caso, as pessoas fotografadas sem qualquer intenção específica transformaram-se nas personagens (vozes), quase sempre solitárias, imbuídas de tristeza e melancolia, que imagino saídas dos livros do Lobo Antunes.
Escolhi imagens com um ambiente luminoso mas, ao mesmo tempo, sombrio, como uma lembrança ou um presságio (parafraseando o poeta e artista plástico brasileiro Zuca Sardan), que captei em cenas retiradas do quotidiano.”
Lobo Antunes considera que “a Ana decidiu ilustrar, à sua maneira, o que ela considera um universo ficcional. É evidente que existe uma coerência na minha obra, é evidente também que os livros formam um continuum, mas não me cabe a mim elucidá-lo. Essa tarefa compete ao leitor. A Ana entendeu-o assim e dele dá testemunho nas suas fotografias.”
Olhando para as fotografias, Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, pensa que “no retângulo emoldurado da vida, o céu esmaga uma janela que se esconde atrás do muro de pedra fria. Os telhados inclinam-se prostrados diante desse céu, ou de outro qualquer como se estivessem à porta de um templo que espera calmamente por nós, mas para além de tudo, para lá do passado e do presente, fica uma simples janela entreaberta.”
Em vários locais (consulte o roteiro), é possível apreciar a exposição Rostos em volta, de Helder de Carvalho.
Retratos pintados, desenhados, esculpidos, em vários formatos e materiais, de escritores, poetas, artistas, de várias gerações, do passado, do presente e seguramente do futuro, espalhados por vários espaços da cidade, criando um roteiro de rostos.
Desde o Museu e Arquivo Municipais, passando por várias lojas comerciais, os retratos vão convidar o espetador a fazer um percurso pela geografia física e linguística e literária pelas artes, pela cultura.
Um convite do Vereador do Pelouro da Cultura, Luís Diamantino, para peregrinar em busca de “rostos que acompanham o nosso imaginário, rostos que nos acompanham desde sempre e que nos acompanharão pela eternidade. Rostos construídos pelas palavras que nos lançaram em cada momento das nossas vidas.”
E ao deparar-se com os retratos, o espectador precipita-se para um “rosto muito diferente do que fazemos ao espelho, porque o espelho favorece a imitação mas a arte ocupa-se sobretudo com revelar” nas palavras de Valter Hugo Mãe.