O Keynote Speaker comparou “o nosso pequeno país, de economia pouco aberta e competitiva,” com a realidade europeia e concluiu que “sem internacionalização a nossa economia não pode avançar”. Portugal situa-se em 20.º lugar de 27 estados membros da União Europeia, com apenas 47,6% de peso das exportações do PIB em 2024, um número “muito abaixo do que seria desejável” e que requer “uma atitude mais proativa, de maior abertura para as oportunidades existentes no estrangeiro”. 

Para o economista, gestor e político de referência, “o nível de internacionalização é a variável central para o crescimento económico e a evolução sustentada ao nível do bem-estar da população, numa pequena economia aberta e descapitalizada como Portugal” e, deste modo, é um desígnio nacional urgente “desburocratizar e simplificar”, “melhorar (muito) a política fiscal, inovar, melhorar práticas de gestão (incluindo praticas sustentáveis e socialmente responsáveis)” e “garantir incentivos adequados para que os talentos nacionais permaneçam em Portugal e contribuam para a inovação”. 

Miguel Frasquilho elogiou a decisão da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim ao não cobrar derrama, mas lembrou que, “infelizmente”, este exemplo não é seguido a nível regional e nacional. A elevada derrama estadual (no valor de 31,2%) “eleva Portugal ao segundo lugar na União Europeia”, um sistema, que para o orador, “desincentiva as empresas” e torna “impossível sermos competitivos com a política fiscal portuguesa”. “O tecido empresarial necessita de uma economia sem fronteiras. Temos muitas e boas empresas, mas, quando comparamos os dados estatísticos com países semelhantes, exportamos poucos. Precisamos de nos tornar mais eficientes, mais produtivos e olhar para fora, porque o investimento estrangeiro traz capital, formação e resulta em melhores condições de trabalho e criação de emprego”, concluiu o Keynote Speaker.

Dinâmico e de diálogo constante, o Congresso Empresarial prosseguiu, ao final da manhã, com uma mesa de debate sobre “Inovação e o futuro dos Negócios”. Moderada por Diana Bouça-Nova, a conversa sobre inovação tecnológica e transformação digital juntou Guilherme Durão Barroso, Head of Financial Services – Capgemini – Portugal, Anselmo Silva, Head Of Technology and Certification da SIBS, e António Tomé Ribeiro, Direção de Marketing do Grupo Fidelidade.

Coube a Guilherme Durão Barroso dar o mote para a reflexão sobre “um mundo cada vez mais exigente, de rápida evolução e em mudança constante”, que deve adaptar-se ao “novo mercado laboral, mais ágil, que obriga a que as empresas tenham de criar modelos híbridos para os seus colaboradores” e utilizar as novas tecnologias como “auxiliares em eficiência, poupança de tempo e acessibilidade”.

Para o orador, a ideia que “toda a gente tem de aprender programação deve ser desmistificada”, porque a “linguagem de programação de futuro é a nossa linguagem, o português, o inglês, tornando-se cada vez mais simples para pessoas sem formação tecnológica”, o que irá permitir uma “integração muito mais natural” da tecnologia na vida dos pequenos e grandes empresários. Guilherme Durão Barroso não esqueceu a crescente relevância da Inteligência Artificial, que proporciona a “criação de sistemas automatizados de medição de risco, uma base de dados infinitamente maior e propostas cada vez mais personalizadas e feitas à medida de cada empresa e de cada negócio”. Ao mesmo tempo que fornece “maior precisão com mais dados e menos recursos despendidos”, a IA é, igualmente, um “desafio”, sendo ainda “necessário manter um espirito crítico e humano” no tratamento de “componentes que não são analisadas por estes modelos”.

Anselmo Silva defendeu a “inevitabilidade” da digitalização, desde que salvaguardada a segurança e os devidos cuidados na “colocação dos dados no modelo de Inteligência Artificial”, evitando a colocação de informações sensíveis e respeitando “regras de utilização e confidencialidade”. Para o palestrante, “se possível, empresas devem criar os seus próprios sistemas de inteligência artificial”, que auxiliem “na procura de parceiros, concorrentes e num melhor conhecimento de mercado”, aproveitando, deste modo, a disrupção tecnológica que está a acontecer” em proveito das empresas e dos negócios.

Na sua intervenção, António Tomé Ribeiro alertou para a importância de “sensibilizar as empresas para a melhor forma de guardarem e usarem os dados que têm”, utilizando a informação com parceiros locais, de confiança, que “conhecem os negócios e os riscos associados” em qualquer relação de partilha empresarial. Há ainda, segundo o orador, “um caminho muito grande a percorrer nas pequenas e médias empresas”, na adaptação do produto às necessidades do cliente, na “digitalização da experiência”, promoção de transparência e “combate à falta de literacia tecnológica”. A concluir, António Tomé Ribeiro sublinhou que “não é possível termos hoje uma presença sólida no mercado sem digitalização e internacionalização”. 

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